Palestras de Sucesso Entrevista Vivian Drudi – Parte 2

9- As Soft skills são conhecidas como as competências capazes de potencializar resultados. Quais são atualmente as competências mais buscadas no mercado? Quais iniciativas um profissional deve adotar para se empoderar de tais habilidades? 

Poderia citar algumas soft skills como: comunicação, iniciativa, adaptabilidade, mas tem uma que engloba todas as competências: a inteligência emocional.

Um levantamento realizado pela Talentsmart e divulgado pela FORBES  mostrou que 90% dos colaboradores de alto desempenho tinham altos níveis de inteligência emocional.

A mesma pesquisa mostrou que esses profissionais também tinham uma renda média anual maior do que a de seus colegas,já que a inteligência emocional é responsável por 60% do desempenho dos profissionais.

Até a década de 90, o sucesso de uma pessoa era avaliado pelo raciocínio lógico e habilidades matemáticas  (QI). O psicólogo DANIEL GOLEMAN ficou famoso com seu livro Inteligência Emocional, criou uma nova discussão sobre o assunto.

A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL está relacionada a habilidades como: motivar a si mesmo, persistir mediante frustrações, controlar impulsos, canalizar emoções para situações apropriadas, praticar gratificação, motivar pessoas.

Segundo Goleman, a inteligência emocional é a maior responsável pelo sucesso ou insucesso dos profissionais. 

Desenvolver a IE é uma ferramenta poderosa para todos os profissionais, servindo como uma bússola para rever possíveis rotinas e hábitos nocivos, otimizando o desempenho e a produtividade sem sacrificar a saúde.

Mas como eu faço para ser inteligente emocionalmente? Primeiro, é preciso investir no autoconhecimento, buscando observar-se para identificar emoções,comportamentos, medos, aspirações, necessidades, forças e fraquezas. Com o autoconhecimento, o passo seguinte é o Autogerenciamento, que é a habilidade  de administrar sentimentos e agir com ponderação diante de gatilhos emocionais. Também pode ser entendido como autocontrole, em que se busca pensar racionalmente, antes de agir.

Traçar seus objetivos e um plano de ação para atingi-los e lidar com as adversidades está associado a automotivação, que é a capacidade de motivar a si mesmo em qualquer circunstância

Desenvolver a empatia é outro ponto fundamental, que é a  capacidade de compreender as emoções de outras pessoas. Pressupõe não julgar e reconhecer a perspectiva do outro como verdadeira.  A conexão se estabelece pela atenção plena e escuta ativa 

Algumas técnicas ajudam a desenvolver essas habilidades, como o mindfulness e a psicoeducação, que é buscar compreender esses temas por meio de livros, cursos, diálogos e etc, porém às vezes será necessário contar com o apoio de um psicólogo ou mentor.

10- Na sua visão, qual é a habilidade primordial do empreendedor ou do profissional de sucesso no contexto atual do mercado corporativo e como desenvolvê-la? 

Na minha visão as habilidades essenciais, vou citar duas, são o protagonismo e a mentalidade de crescimento. O protagonista é aquele que se responsabiliza por sua carreira e toma atitudes para atingir seus objetivos profissionais. Para desenvolver essa habilidade é fundamental exercer o autoconhecimento, ter iniciativa, se desenvolver continuamente e saber pedir ajuda, pois contar com uma rede de apoio é importante no processo de desenvolvimento e crescimento.

Já uma pessoa que tem uma mentalidade de crescimento, ela crê no desenvolvimento da inteligência e das habilidades, busca aprendizado para superar limitações, abraça desafios e encara falhas como aprendizado, vê o esforço como caminho da excelência e enfrenta os problemas com entusiasmo.

Para desenvolver essas habilidades é preciso reconhecer quais são os seus pontos de desenvolvimento, o que você tem dificuldade de enfrentar, quais as situações ou atividades que te travam, como você lida com as emoções. Feito isso é hora de traçar um plano de ação para desenvolver cada desafio. Agora você precisa estar disposto a sentir desconforto e enfrentar seus medos, pois não há outra forma de evoluir, a não ser se expor àquilo que te ameaça, por exemplo, se você tem dificuldade de falar em público, não conseguirá desenvolver essa habilidade se evitar a todo custo falar em público. Você pode começar pequeno, se expondo em uma roda de conversas no trabalho, depois em uma reunião e assim sucessivamente, quando você faz algo que te causa medo ou ansiedade seu cérebro restaura sua sensação de segurança e aumenta sua autoconfiança, e você vai se tornando cada vez mais capaz de executar coisas que considera difícil ou ameaçadora. 

11- A falta de habilidades emocionais impacta negativamente a qualidade do trabalho, devido à dificuldade em manter foco e resiliência, por exemplo. Sabemos que desenvolver a inteligência emocional dentro das organizações ajuda tanto a melhorar a coesão da equipe, bem como a eficiência e o bem-estar geral dos funcionários. Sendo assim, quais ações e gestão e/ou liderança pode adotar para implementar um programa de IE na empresa? Qual o passo a passo para seu desenvolvimento? 

Para desenvolver a Inteligência emocional a empresa deve construir um ambiente de segurança psicológica, confiança e empatia. É impossível ter um olhar esperançoso sobre a vida sendo infeliz no trabalho, por isso é fundamental que as empresas desenvolvam os líderes para exercerem uma  liderança mais humana, que reconheçe e valoriza o colaborador. Quando uma pessoa se sente assediada e não reconhecida, ela tem mais probabilidade de entrar em uma área chamada de dor social, no cérebro, a dor social tem a mesma circuitaria neuronal da dor física, relações tóxicas causam dor, principalmente as de poder. 

Além do desenvolvimento da liderança em habilidades socioemocionais como empatia e comunicação não violenta, as práticas a seguir contribuem para a construção de um clima organizacional positivo e de segurança psicológica:

  1. Esteja presente e concentre-se na conversa
  2. Faça perguntas com intenção de aprender com a equipe e pares
  3. Valide os comentários verbalmente, como “entendo o que vc está dizendo”
  4. Troque a culpa por soluções: em vez de: Por que você fez isso?, prefira, como podemos trabalhar para que isso não aconteça novamente?
  5. Pense em suas expressões faciais nas conversas
  6. Esteja disponível aos colegas de equipe. Reserve um tempo para sessões de feedback
  7. Expresse gratidão pelas colaborações da equipe
  8. Intervenha se os membros falarem mal um dos outros
  9. Solicite opiniões, contribuições e feedbacks de outros colegas
  10. Não interrompa o permita interrupções quando alguém estiver falando
  11. Explique os motivos de suas decisões

Segundo DANIEL GOLEMAN , a inteligência emocional é a maior responsável pelo sucesso ou insucesso dos profissionais, mas as pessoas provavelmente não conseguirão desenvolvê-la em ambientes tóxicos, por isso, as empresas precisam trabalhar para promover um ambiente organizacional de colaboração, parceria e crescimento.

12- Ansiedade, estresse, burnout, depressão, são situações cada vez mais relatadas na esfera corporativa. Comente sobre as principais estratégias de enfrentamento e regulação emocional que podem ajudar a lidar com tais questões. 

Ansiedade e estresse é excesso de futuro, e depressão é excesso de passado, dito de forma simplista, já o burnout é um esgotamento físico e emocional crônico e incapacitante, que tem a ver com a relação do indivíduo com o trabalho.

Existem diversas técnicas e práticas que são importantes para manter a mente saudável, como: Alimentação, sono e exercício físico, pois regulam os neurotransmissores do nosso cérebro e promovem uma sensação de bem estar. A prática da meditação, principalmente o mindfulness, também nos ajuda a regular as emoções, pois ativam uma área do cérebro responsável pelo controle emocional- o córtex- pré frontal.

 Há um ponto importante que gostaria de explorar aqui, que é fundamental quando pensamos em saúde mental, que é construirmos e cultivarmos uma mentalidade positiva e construtiva, mas antes é necessário entender como a nossa mente funciona

Pensamentos e sentimentos caminham de mãos dadas. Mudando o nosso modo de pensar, podemos mudar nosso sentimento e comportamento, esse é um conceito da psicologia comportamental amplamente estudado.

Nossa mente cria padrões que não refletem a realidade:Fazemos previsões erradas, Entendemos mal a intenção de alguém, Interpretamos mal uma situação

Nossos pensamentos frequentemente são:

Irracionais: Quando não fazem sentido algum. Ex: Ninguém gosta de mim, ou todo mundo tem que gostar de mim

Disfuncionais: porque não tem utilidade para nós, quando dizemos a nós mesmos: Não adianta tentar mesmo, estamos já nos preparando para fracassar

Tendenciosos: Pensamentos imparciais. Quando estamos deprimidos ou ansiosos, por exemplo, damos ênfase só aos eventos negativos que nos acontecem ou aos feedbacks negativos

Distorcidos: Os erros de pensamento que não refletem a realidade com precisão, por ex: Podemos pensar que somos totalmente incompetente depois de cometer um pequeno erro, ou que ninguém gosta de nós depois que alguém nos tratou com grosseria

O PROBLEMA DESSES PENSAMENTOS É QUE ELES NOS MANTÉM PRESOS A UM CICLO DE INÉRCIA E DESMOTIVAÇÃO e são fonte de ansiedade, depressão e outros transtornos mentais

Os pensamentos negativos enfraquecem a  busca para atingir objetivos e metas, portanto é essencial reconhecer seu próprio valor e potencial, e trabalhar ativamente para manter uma atitude positiva e confiante.

E como fazer isso? 

Comece percebendo o que pensa, o que passa pela sua cabeça, esses pensamentos são automáticos e vem de repente sem avisar. Depois passe a questionar o que você pensa, perguntando: Será que isso que estou pensando é verdade? Quais evidências (fatos) comprovam o que estou pensando? Será que estou vendo coisa pior do que ela é? O que eu diria a um amigo se ele pensasse assim?

Isso ajudará a compreender que muitas vezes nossa mente nos engana, e aquilo que pensamos nem sempre é verdade, e assim, você conseguirá enxergar as coisas de outra forma e ter comportamentos mais efetivos e condizentes com a realidade.

13- Em tempos de mudanças rápidas, a capacidade de adaptação é considerada uma qualidade essencial para líderes. De que forma a liderança precisa trabalhar essa skill e quais os benefícios de desenvolvê-la, tanto para o líder quanto para a organização e colaboradores em geral? 

Há algum tempo, se quiséssemos avaliar as perspectivas de alguém crescer na carreira, iriamos considerar o QI, o quociente de inteligência, que mede indicadores como memória e habilidade matemática.

Mais recentemente, passaram a ser avaliadas outras letrinhas: o quociente de inteligência emocional (QE), que é uma combinação de habilidades interpessoais, autocontrole e comunicação. 

Hoje, porém, à medida que a tecnologia redefine como trabalhamos, as habilidades necessárias para prosperar no mercado de trabalho também estão mudando. Entra em cena então um novo quociente, o de adaptabilidade (QA), que considera a capacidade de se posicionar e prosperar em um ambiente de mudanças rápidas e frequentes.

Amy Edmondson, professora de Administração da Harvard Business School, diz que é a velocidade vertiginosa das mudanças no mercado de trabalho que fará o QA vencer o QI.

Amy diz que toda profissão, em qualquer setor de atuação, vai exigir adaptabilidade e flexibilidade.

Ter QI, mas nenhum QA, pode ser um bloqueio para as habilidades existentes diante de novas maneiras de trabalhar.

De acordo com o estudo da IBM, com quase 6 mil de executivos em todo o mundo classificaram as habilidades comportamentais como as mais críticas para a força de trabalho atualmente, a principal delas era a capacidade “de ser flexível, ágil e adaptável à mudança”.

A análise do QA vem fazendo parte dos processos de seleção de novos profissionais. Porém uma notícia boa é que o QA, mesmo que seja difícil mensurá-lo, pode e deve ser desenvolvido.

Penny Locaso, fundadora de uma empresa australiana da área da educação que trabalha com o valor da capacidade de adaptação, diz que algumas pessoas têm personalidades mais curiosas ou corajosas, o que pode explicar por que são naturalmente melhores em se adaptar do que outras.

No entanto, se a pessoa não praticar sua adaptabilidade, ela tende a diminuir com o tempo.

Ela sugere maneiras para aumentar a adaptabilidade: primeiro, limite as distrações e aprenda a se concentrar nas adaptações que devem ser feitas; segundo, faça perguntas desconfortáveis, como pedir um aumento salarial, por exemplo, para desenvolver coragem e normalizar o medo; terceiro, estimule sua curiosidade e busque respostas para seus questionamentos em conversas com outras pessoas, em vez do Google — hábito atual que “faz com que nosso cérebro seja preguiçoso” e diminui nossa capacidade de resolver desafios difíceis e por último permaneça sempre aberto a novas possibilidades.

No meio de tantas incertezas, uma coisa que sabemos é que o futuro do trabalho será completamente diferente e as mudanças serão cada vez mais constantes, porém é importante nos preparamos para o que virá.

14- Comente sobre algumas estratégias para promover a saúde mental no local de trabalho e a importância de criar um ambiente de apoio.

Saúde mental, é definida pela OMS como um estado de bem-estar em que o indivíduo reconhece suas próprias habilidades, pode lidar com as pressões normais da vida, trabalhar de forma produtiva e de contribuir para sua comunidade.

Este conceito, enfatiza que a saúde mental vai além da mera ausência de distúrbios psicológicos. Ela abrange a capacidade de gerenciar efetivamente pensamentos, emoções e comportamentos.

A importância da saúde mental no ambiente de trabalho é fundamental para a produtividade, satisfação e bem estar geral dos colaboradores, além de ter um impacto significativo no sucesso das organizações.

Um ambiente que promove a saúde mental e o bem-estar contribui para a redução do absenteísmo, diminuição da rotatividade e melhoria da auto estima, o que gera o aumento da produtividade.

Algumas ações para promover a saúde mental no trabalho:

  1. Desenvolver políticas de saúde mental

Elas precisam ser claras e incluir a prevenção de assédio e discriminação, além de oferecer suporte aos colaboradores que enfrentam problemas.

  1. Programas de conscientização e educação

Realizar treinamentos e workshops para educar líderes e colaboradores sobre a importância da saúde mental, reconhecimento dos sinais e formas de oferecer suporte.

  1. Promover um ambiente de trabalho positivo

Fomentar um clima inclusivo e de suporte, que valorize a diversidade e promova a comunicação. Também é importante encorajar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, além de reconhecer as conquistas dos colaboradores.

  1. Oferecer suporte psicológico

Disponibilizar acesso a serviços de apoio psicológico, terapia e aconselhamento, e garantir que os funcionários tenham conhecimento desses recursos.

  1. Monitoramento e avaliação

Realizar pesquisas e coletar feedbacks para avaliar o bem-estar dos colaboradores e a eficácia das iniciativas de saúde mental implementadas, ajustando as estratégias conforme necessário.

  1. Liderança engajada

Garantir que os líderes e gestores estejam comprometidos em promover a saúde mental, demonstrando empatia, oferecendo suporte aos membros de sua equipe e liderando pelo exemplo.

  1. Rede de suporte entre colegas:

Estimular a criação de redes de suporte entre os colaboradores, onde possam compartilhar experiências e oferecer ajuda mútua, promovendo uma cultura de cuidado e apoio.

Implementar essas ações requer um compromisso contínuo por parte da liderança e dos colaboradores para criar um ambiente de trabalho que valorize e promova a saúde mental como parte integrante da cultura organizacional.

Muito obrigado mais uma vez pela atenção. O espaço é seu para deixar um recado aos leitores que nos acompanharam até aqui. 

Espero que as informações compartilhadas tenham ajudado as pessoas a compreenderem a importância de buscar ter uma vida produtiva, mas com equilíbrio. 

Cada vez mais é importante olharmos para o nosso bem estar, tanto no âmbito pessoal, quanto nas organizações. Pessoas felizes e satisfeitas trabalham melhor, são mais resilientes e tendem a atingir seus objetivos.

Enquanto indivíduo precisamos exercer a positividade, a autocompaixão e adquirir estratégias de enfrentamento para a ansiedade e o estresse, enquanto empresa é necessário que as lideranças trabalhem para construir um ambiente de trabalho respeitoso, inclusivo e de parceria.

É urgente e necessária a pauta da saúde mental, as pessoas estão adoecendo cada vez mais, o maior índice de absenteísmo nas empresas se deve a causas de ordem psicológica, como ansiedade, depressão e burnout. 

Precisamos revisitar a relação que as pessoas estabelecem com o trabalho, e do lado das empresas é necessário investir em práticas para promover a saúde mental.

Uma vida significativa só é possível quando há equilíbrio entre vida pessoal e profissional, quando suas necessidades individuais são atendidas e quando você pode contar com uma rede de apoio.

Não negligencie qualquer sintoma que possa estar sentindo ou vir a sentir, converse com alguém, busque ajuda, exerça o autocuidado, nossa saúde física e mental merece atenção.

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Vivian Drudi

Especialista em Neurociências, Psicologia Comportamental, Psicologia Positiva, Mindfulness, Gestão Estratégica de Pessoas e Liderança.

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