1- Vitor, muito obrigado por compartilhar seu tempo e conhecimento com nossos leitores. Para começar, quais insights você teve e que poderia dividir sobre como unir ciência, espiritualidade e estratégia para criar resultados sustentáveis em empresas e equipes?
A ciência e a espiritualidade vêm se interconectando cada vez mais nas últimas décadas, primeiro pela física subatômica, que comprovou a influência da intenção do observador nos resultados da matéria, debatido desde 1930, com a descoberta dos colapsos de função de onda.
Isso significa que o observador influencia no resultado de acordo com sua intenção e faz com que uma possibilidade se torne mais provável de acontecer do que outra, independente de ele agir ou não.
Essa abordagem vem de encontro com o poder da oração e da fé descrita nas escrituras sagradas, como por exemplo, “Peçam, e será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta será aberta. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e àquele que bate, a porta será aberta” (Mateus 7:7-8). Ou seja, o observador não causa, mas influencia.
Recentemente, pesquisas neurocientíficas começaram a trazer novas informações já sabidas há milênios pela teologia, mas ainda desconhecidas pela ciência.
O pesquisador Andrew Newberg, neurocientista, realizou alguns exames de imagem funcional no cérebro de pessoas que, quando oravam, aumentavam o fluxo sanguíneo em 7% na região do lobo pré-frontal, responsável pela regulação emocional, inibição de impulsos instintivos e melhoria no foco e atenção.
Além disso, o fluxo sanguíneo da região do lobo parietal superior reduz, diminuindo a reatividade das pessoas. Isso mostra que a fé e a oração afetam positivamente a performance atencional e a inteligência emocional do orador.
Além disso, foi observado em um grupo de pacientes que não meditavam, após 8 semanas de 1h hora de meditação por dia, houve um aumento da massa cinzenta no córtex pré-frontal, uma mudança estrutural que aumenta diretamente a capacidade de autocontrole, tomada de decisão, planejamento, atenção e regulação emocional.
A ciência e a espiritualidade podem contribuir diretamente com a performance, capacidade estratégica e resultados de um indivíduo, equipe ou de uma empresa inteira. Além do aumento do nível de consciência, moralidade, integridade e colaboração entre os participantes.
2- Muitos líderes percebem que suas equipes entregam apenas o mínimo necessário. Como transformar isso em um ambiente de colaboração genuína e alta performance?
Isso é resolvido com a construção de uma cultura forte e envolvente. Se os colaboradores têm uma causa que eles se identificam para “lutar”, eles se empenham de todo coração e vontade para alcançar um resultado.
Esse é o “segredo” das grandes empresas do Vale do Silício que vêm sendo referência em engajamento e performance nas últimas duas décadas.
A cultura é a capacidade de unir os indivíduos em prol de um sentido mútuo. A cultura dá propósito para a pessoa levantar da cama, dar o seu melhor no trabalho, contribuir para algo Maior que si mesma e ter uma recompensa não só financeira, mas também afetiva pela sua dedicação.
Um dos agentes de maior propagação e profundidade cultural é a o incentivo do autoconhecimento dos colaboradores em todos os níveis hierárquico, pois essa prática faz com que sombras inconscientes que sabotam a performance e que são projetadas nos relacionamentos interpessoais, passem a ser observadas e dissolvidas internamente, fazendo com que as pessoas se tornem mais empáticas, contributivas, dedicadas e o trabalho fica mais leve e com menos carga emocional densa.
O autoconhecimento profundo da equipe alinhados com uma visão que traz sentido e propósito para cada indivíduo e se faz sentir pertencente a algo Maior, aliado a metas claras, move o sistema inteiro em uma direção única, com consistência e velocidades muito além dos padrões corporativos.
3- A IA já é realidade em vários negócios, no entanto, sabemos que uma boa parcela de empresas ainda não a usam de forma estratégica. Como garantir que a IA fortaleça a cultura e não substitua o fator humano?
As pessoas não vão ser substituídas por IA, mas pessoas que não usam IA serão substituídas por pessoas que usam IA.
A IA é uma aliada em níveis operacionais, táticos e estratégicos, além de suporte relacional, incríveis. Uma pessoa que sabe usar IA, consegue agilizar trabalhos de meses ou semanas em minutos.
Isso aumenta a capacidade operacional de toda a empresa, que pode atender muitos mais clientes e demandas e também começa a tirar as pessoas no nível mecânico operacional e permite um espaço mais criativo e tático para elas, o que também aumenta a performance e o resultado da empresa.
Uma cultura de IA First, faz com que as pessoas usem a criatividade de utilizar a IA como primeiro recurso para resolver problemas de processos, altas demandas, análises, planejamento, resolução de problemas, pesquisas, e muito mais, sem saturar a equipe e abrir mais vagas, o que aumenta a folha e consequentemente os custos da empresa.
Quando a cultura da empresa foca em IA First, os resultados aceleram, as metas são mais facilmente alcançadas, a capacidade de atender mais clientes amplia, as análises se tornam mais precisas, os erros diminuem, os processos são melhores definidos e atendidos e a folha de pagamento não precisa inflar.
Além disso, reduz a carga emocional, e aumenta a criatividade e a visão estratégica dos colaboradores, permitindo que eles cresçam na carreira com maior velocidade.
4- Quando a pressão por resultados aumenta, é comum que a comunicação entre equipes se desgaste. Que ajustes simples podem restaurar a harmonia e a produtividade?
Algumas das práticas vistas anteriormente como mindfulness ou meditação, cursos contínuos de autoconhecimento, cultura forte e unificada, uso da IA para facilitar a comunicação e reduzir emocionalidades e podemos incluir também técnicas de comunicação não-violenta, metodologia de feedbacks constantes e sistemas de recompensa e bonificação por performance medidos por receita operacional líquida por projeto ou indicadores chave de performance.
5- Num mercado cada vez mais automatizado, por que habilidades humanas se tornaram o fator decisivo para o sucesso de empresas?
Porque as habilidades humanas levam em consideração o contexto. As automatizações são apenas linhas de produção de conteúdo. Até as IAs não têm capacidade de análise contextual profunda, leitura emocional e sensibilidade, assim como elas não intuem para quebrar o status quo.
As IAs são excelentes para processamentos e análise de dados daquilo que já existe e podem trazer soluções novas, porém, que já tiveram registros prévios.
Além disso, os seres humanos são espírito-psico-físicos e uma das qualidades da psique é o afeto e máquinas não podem trocar afeto, apenas simular.
A simulação afetiva pode preencher carências no curtíssimo prazo, mas o vazio da ausência de relações humanas se torna tão profunda que é insustentável no médio e longo prazo.
As empresas não vão vender para máquinas, elas venderão sempre para humanos. E humanos precisam de afeto como moeda de troca em suas negociações e relações.
6- Muitos profissionais dominam técnicas de produtividade, mas vivem esgotados. Como equilibrar entrega e bem-estar?
O incentivo do autoconhecimento profundo, sendo um deles o cuidado com a saúde e a vitalidade aumentam não só o bem-estar do indivíduo, mas também sua performance.
Com uma bioquímica regulada com sais e vitaminas adequadas, que faltam em nossa nutrição por mais naturais que tentemos comer, traz benefícios de aumento de energia, foco, atenção, imunidade, satisfação, além de reduzir fadiga, ansiedade, depressão, estafa mental, entre outros.
Por isso que uma metodologia que integra espírito-psico-físico é a mais adequada para a formação da cultura empresarial para propagar o sentido, pertencimento, bem-estar e performance todos de maneira integrada.
7- O que muda quando a empresa aplica técnicas de feedback que inspiram, em vez de apenas corrigir erros?
Existe logo de início uma integração, alinhamento de expectativas e clareza de direção entre líder e liderado, o que naturalmente faz com que ambos fiquem mais satisfeitos em suas relações e também se direcionam para o mesmo resultado.
O maior problema que identifiquei entre falta de performance de empresas nos 10 anos que venho trabalhando como consultor e mentor dentro de corporações é a falta de alinhamento de prioridades.
Os líderes não questionam as prioridades para seus diretores. Os diretores não sabem quais as demandas estão na mão dos líderes para poder direcionar a priorização de cada uma delas e, por fim, o colaborador fica perdido e realizando diversas demandas em ordens aleatórias e interrompendo atividades importantes para fazer outras menos relevantes porque o líder pediu sem entender primeiro o que estava em execução.
Então além da estrutura de feedbacks formal, é necessário uma cultura de dailys de equipes para que todos especifiquem suas atividades e ordem de execução diária e fiquem cientes das execuções e prioridades uns dos outros.
Esse é um sistema de alta performance que acelera os resultados, alinha a equipe, move todos para uma mesma direção e reduz o estresse e pressão desnecessárias no ambiente,
8- Como despertar em colaboradores a mentalidade de dono, fazendo com que eles inovem e gerem valor no dia a dia?
- Estrutura de autoconhecimento contínuo – life long learning
- Cultura forte e unificada de pertencimento e sentido
- Bonificações por performance atrelada a indicadores claros individuais e coletivos
- Sistema de alinhamento de prioridades diários ou no mínimo semanais
9- Que práticas ajudam líderes e equipes a manter clareza e autocontrole em momentos críticos?
Autoconhecimento profundo contínuo, meditação, mindfulness, oração, comunicação não-violenta, processos claros e retroalimentados, dailys de alinhamento de prioridade, feedbacks mensais com metas e autodesafios, técnicas de deixar ir as emoções, cultura forte e clara que direciona as decisões para o bem do sistema (maioria das pessoas envolvidas) acima dos interesses ou preferências individuais, educação para redução dos níveis de cafeína, açúcar e farinha branca que são altamente estressores e promovem ansiedade e depressão, além de reatividade, promoção de sais e vitaminas como suplementos alimentares para regulação bioquímica através de programas de saúde com especialistas, entre outros.
10- O que normalmente impede um negócio de crescer mais rápido, mesmo com produtos e serviços de qualidade? O que fazer para contornar essa situação?
Falta de clareza das intenções coletivas, metas concretas, alinhamento de liderança e liderados, processos bem construídos e pessoas com vontade de fazer acontecer. Tudo isso faz parte da construção de uma cultura forte de performance.
11- Turnover é uma dor frequente no âmbito corporativo. Quais ações práticas fazem com que bons profissionais queiram permanecer a longo prazo?
Na minha empresa o turnover é zero há 5 anos. Ninguém pede demissão. Ou nós demitimos por desalinhamento de valores ou baixa performance ou a pessoa decidiu ou precisou parar de trabalhar ou quis abrir seu próprio negócio, o que é incentivado por nossa cultura.
Nesses 5 anos ninguém pediu demissão para trabalhar em outra empresa.
O propósito move as pessoas. A cultura envolve as pessoas em um motivo maior do que si mesma. E tanto a empresa quanto elas são recompensadas por isso.
12- Diante de sua experiência e amplo conhecimento, conta pra gente: o que faz uma história de marca não apenas vender, mas também criar conexões duradouras com clientes e parceiros?
A percepção de valor exclusiva que a marca proporciona para o cliente. Apple não é a melhor, nem a mais barata, mas é a empresa com base de fãs mais fiéis. Porque eles entregam pertencimento.
Eles formaram uma tribo. Que têm orgulho em usar seus produtos. E que são ouvidas pela empresa pra que atenda suas necessidades. E podem fazer parte de momentos de beta teste de produtos que ainda não foram lançado para as massas.
O cliente se sente pertencente a algo Maior do que eles. E isso faz eles voltarem, e voltarem e voltarem. Além de indicarem e serem advogados da marca.
Mas isso não é só a Apple, qualquer grande marca que crie senso de pertencimento, customização de serviços, geração de experiências e/ou estreitamento de relacionamento com seus clientes consegue transformar clientes em fãs.
13- Ao criar uma audiência de milhões, como evitar que a comunicação se torne apenas um funil de vendas e perca autenticidade?
Bela pergunta! Esse é um desafio meu contínuo no dia a dia. E confesso que existem altos e baixos.
No momento que focamos em vendas e nos afastamos dos conteúdos, as marcas começam a ficar mais frias e distantes e isso consequentemente afeta as vendas do curto pro médio prazo.
Quando focamos muito em conteúdo e nos dedicamos menos às vendas, também temos uma perda de potencial porque os conteúdos ficam tão bons que as pessoas resolvem suas dores de graça e não sentem a vontade de aprofundar.
O ponto da virada é ter uma consistência de comunicação e conteúdo excepcional e criativo que aconteça pela maior parte dos canais possíveis para cercar seu público-alvo, uma comunicação que desperte curiosidade, ajude a conscientizar da dor, seja contraintuitiva, mas que desperte curiosidade e desejo suficiente da pessoa querer pagar para resolver seu problema.
E melhor ainda se você fizer ela perceber tanto valor que ela sente que está pagando barato por isso.
(Continua na parte 2…)
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