9- Seu tema “Tempo” propõe uma abordagem muito sensível. Como usá-lo com qualidade pode transformar o cotidiano profissional?
O tempo realmente é nosso maior ativo, um bem precioso, pouco preservado, ou reconhecido como. Eu convido com abordagens múltiplas a olharmos para o tempo, e mais do que olharmos, sentirmos ele, escolhendo assim de forma consciente todos os dias, as rotas, lugares, pessoas com que vamos compartilhar nosso bem mais precioso.
O entendimento sobre o tempo, e a geração de uma consciência mais desperta sobre o mesmo, coloca no cotidiano profissional o sentimento de orquestrar de forma mais leve as atividades/metas do dia a dia com mais sabedoria, e com uma percepção mais apurada na tomada de decisão e escolhas.
O uso consciente do tempo, gera ambientes mais saudáveis e menos estressantes.
10- O que é “estado de presença” — e por que ele é tão essencial hoje?
Mais uma vez vou usar as pesquisas, que apontam o nosso País como o mais ansioso do mundo, e a ansiedade é não estar no momento presente, mas sim um corpo no presente com a mente num futuro QUE NÃO EXISTE.
O estado de presença é mais uma raridade em nossa atualidade, pois ou vivem para o futuro , ou vivem do passado. Existe uma teoria inclusive que fala sobre isso, as vezes falo sobre ela nas palestras, chamada teoria U – a base representa a presença no momento, a pontinha esquerda é o SENTIR, e a pontinha direita é a ação consciente a partir do estado de presença, que permite um sentir genuíno, ao invés de um monte de barulhos na mente que deixam todos acelerados e incapazes de tomar decisões a partir do coração.
Viver o estado de presença é mais um grande desafio, pois como todos não conseguem nem respirar direito, a presença é o que coloca em nossas decisões/atitudes a pureza de nossa intuição, é o que nos torna humanos. Sem presença, nos tornamos máquinas de repetição.
11- O que você tem observado sobre os efeitos do estresse emocional no ambiente corporativo — e como sua abordagem contribui para reverter isso?
Observo vidas e histórias sendo dilaceradas pela falta do autoconhecimento, pois isso na maioria dos casos não foi ensinado em casa e muito menos na escola.
Minha abordagem vem como um resgate para todos lembrarmos do quão humanos somos, e como essa humanidade é algo magnífico, pois sem humanos, ficamos sem ambiente corporativo, e realmente esse é o tema do momento, pois como já escrevi acima, a NR-1 que chega em maio, é um grande alerta para todas empresas, e minha abordagem vem justamente na essência do ser, que é o que está em crise por todos os lados, ambiente corporativo, escolas, lares, pois tudo é feito de gente, e onde tem gente existem os traumas e estresses emocionais.
E precisamos manter todos os negócios corporativos, escolares e afins, de uma forma mais saudável e humana. Menos estresse, mais relações saudáveis, principalmente e em primeiro lugar com nós mesmos, pois só nos relacionamos com os outros de forma saudável e respeitosa, quando exercemos isso com nós mesmos.
12- Por que estimular a criatividade deixou de ser “algo extra” e se tornou essencial para a saúde e performance de equipes?
Cria – atividade : como é possível fazer e agir sem criatividade, ou melhor, sem criar atividades? Se não crio, uma máquina pode repetir. A criação , ou o criar atividade, ou criatividade vem de um lugar muito íntimo, mas precisamos dar espaço para que realmente nasça através de nós atividades criadas.
Porque reproduzir qualquer máquina ou IA pode já fazer. Mas o lugar de presença, para poder SENTIR o que aquele momento/projeto/reunião precisa, vai muito além de um pensar rápido querendo dar uma resposta. Vem do feeling, da entrega incondicional ao momento, de nossa permissão para apenas criarmos o que precisa ser criado.
Criatividade é uma permissão que damos ou não para o que flui no momento presente, e para isso precisamos realmente treinar esse lugar de entrega, pois isso se faz essencial no atual momento, em que o humano distancia-se de si, e perde seu lugar de criador, tornando-se um repetidor, isso é perigoso, e já acontece em grande escala.
13-Em que medida despertar o “artista humano” em cada colaborador contribui para o espírito de equipe e a colaboração genuína?
Quando eu entendo e desperto sobre o poder que possuo sobre minha narrativa humana, as histórias que escrevo junto a equipes, colegas e ações diárias, realmente potencializam a colaboração genuína, pois deixo de ocupar a cadeira de espectador, como se estivesse vendo a minha vida passar, e ocupo o lugar de protagonista dela, sentindo e agindo do lugar de potência que habita em todos, mas acaba sendo sub-aproveitado.
A máxima é “Conhece-te a ti mesmo, e a verdade vos libertará..”
14- Como a sua vivência inspira profissionais a olharem para sua trajetória com mais sentido e direção?
Quando sai de casa a 20 anos atrás realmente não imaginava quanta beleza e desafios encontraria na vida, mas hoje quando dou uma breve olhada para trás, vejo que valeu a pena entrar naquele ônibus com uma mochila nas costas e um monte de ideias na cabeça e coração, e principalmente por ver tudo na vida como um grande aprendizado.
Sempre fiz e sigo fazendo escolhas intencionais na vida, e claro que depois de minha cirurgia onde descobri o tumor na minha cabeça, isso potencializou X um milhão.
Eu circulo por todos ambientes e pessoas de níveis A a Z, e sempre sei que tenho algo a aprender e talvez contribuir. Possuo uma característica que é justamente liderar muitas pessoas com leveza, respeito e sempre curioso para saber o que vem de cada um, no sentido CORES/TINTAS, vejo todas pessoas como deuses que tem grandes contribuições a dar diariamente, mesmo que ainda não tenham percebido. Estimular isso em mim , e poder estimular em times, é muito gratificante, pois é possível acessar lugares /situações / resultados impensados.
Valorizo muito a simplicidade e humildade.
Vou colocar aqui umas curiosidade sobre mim:
-Me caso todo ano, com a mesma mulher, no mesmo dia 27/09 sempre em lugares diferentes do brasil.
-Escolhi viver num trailer acampado com minha esposa e filhas por muitos anos…muitas boas histórias ali, isso resultou no meu livro.
15- Em um mundo que valoriza produtividade a qualquer custo, como trazer leveza e afeto sem perder eficiência?
Esse mundo está sendo questionado, pois a produtividade em escala é algo que as máquinas fazem, os humanos ainda estão tentando, mas estão colapsando como os números já mostram.
Para ter sim produtividade, é preciso encontrar sentido no que faz, daí é feito com leveza, daí o trabalho vira uma diversão e não um modo de sobrevivência, daí temos equipes/pessoas entregando eficiência com afeto.
16- Quais pilares emocionais você considera indispensáveis para uma cultura organizacional saudável?
Autoconsciência, empatia, habilidades sociais, automotivação, autorregulação. Esses pilares são inspirados no Goleman, pois sem isso os ruídos seguirão fazendo um barulho ensurdecedor, aumentando os números que já temos do desequilíbrio que existe na cultura das organizações.
17- Seani, agradecemos profundamente por essa conversa tão rica em conteúdo e propósito. Para finalizar, qual mensagem você gostaria de deixar às pessoas que sentem que perderam suas cores — e desejam reencontrá-las?
Eu possuo uma conduto comigo que vou compartilhar aqui, é bem simples, são 3 passos:
Primeiro sempre cuido de mim, dou-me atenção, dou-me escuta, dou-me colo, me trato bem, me amo, me perdoo e me aceito do jeito que sou, me lapidando e me aprimorando todos os dias de minha vida.
Segundo cuido dos meus: Esposa, filhos e próximos.
Terceiro, depois de cuidar muito de mim, e de quem está por perto, transbordo para a humanidade.
Então se você perdeu suas cores e deseja reencontrar, volte-se para você, e sempre será com você e a partir de você, e depois todo o resto do mundo. Fazer esse caminho de volta tem seus altos e baixos, mas é um jeito de trazer para fora as melhores tintas que estão dentro.
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