Palestras de Sucesso Entrevista Marcela Kawauti – Parte 2

16- Quais soluções uma empresa pode adotar no sentido de estimular a automotivação em seus colaboradores? Como nos motivarmos, mesmo quando as finanças não vão bem?

É preciso que a empresa entenda os motivos pelo qual o trabalhador não está motivado. No meu caso, percebo que a falta de dinheiro é um dos motivos pela aparente falta de motivação, mas na verdade é preocupação e ansiedade. Se a empresa mandar esse colaborador embora, perde um bom trabalhador que já conhece o trabalho e pode ser bem eficiente. A empresa perde dinheiro com a demissão e depois com a procura e contratação de outro profissional. Para motivar esse trabalhador, a empresa que entende as suas questões dá a ele as ferramentas para resolver esse problema: a educação financeira.

É difícil a motivação vir quando as finanças não vão bem. Mas a ajuda da empresa e as ferramentas de educação financeira são fundamentais para que haja uma energia maior por parte do colaborador.

17-Outra perspectiva em relação às finanças é quando, por exemplo, a pessoa está com dinheiro, recebe um bom aumento e com isso, começa a gastar mais, eleva o padrão de vida e quando percebe, começa a se endividar. Como se blindar para não cair nessa armadilha?

Em primeiro lugar, preciso ressaltar que o padrão de vida correto e adequado não é aquele que toma todo o orçamento. É aquele que abarca o orçamento e um valor para a reserva financeira. Isso porque imprevistos acontecem e se não houver reserva para cobrir isso, o valor a ser gasto vai ser além do orçamento e vai gerar dívidas. Isso posto, quando o colaborador recebe um aumento é importante entender se é mesmo necessário aumentar os gastos. Que tal, então guardar o valor a mais da promoção, ou pelo menos boa parte dele para investir em uma reserva financeira?

18- Quais dicas básicas você daria para alguém que precisa urgentemente de uma mudança de mentalidade e comportamento em relação ao dinheiro para ter uma situação financeira que lhe possibilite realizar seus sonhos e projetos?

Para mudar o comportamento em relação a dinheiro, é preciso entender que pequenas mudanças no curto prazo acarretam benefícios enormes em prazos mais longos. Por exemplo, muita gente acha que investir pouco por mês não ajuda em nada. Mas com a disciplina de depósitos regulares em bons investimentos, o “pouquinho por mês” pode ser transformar em um montante razoável com o passar do tempo.

Além disso, mudar o comportamento e a mentalidade envolve uma série de alterações na vida cotidiana. Se a mudança de muitos hábitos de uma única vez parecer muito, dá para se programar pra ir mudando um pouco por vez, até que a mudança seja total. Por exemplo no primeiro mês, você se programa para anotar os gastos, no segundo evita as compras por impulso, no terceiro, começa a economizar, e assim por diante. À medida que for percebendo vantagens em se dedicar à vida financeira, esse consumidor certamente ficará cada vez mais motivado a mudar os hábitos.

19-Observando a prática das pessoas bem-sucedidas financeiramente, é possível perceber que não há tantos segredos em relação ao que deve ser feito em relação ao dinheiro, concorda ou não? O básico é gastar menos do que ganha, investir parte e não endividar-se. Contudo, na prática, tais regras são quebradas por boa parte das pessoas. Qual pode ser a raiz desses problemas das famílias em dificuldades e de que maneira é possível corrigi-los?

O brasileiro certamente sabe quão importante é organizar o planejamento familiar, mas há alguns fatores que dificultam colocar essa atitude em prática: falta de tempo, sensação que a organização não vai adiantar porque o orçamento é muito apertado e a falta de conhecimento. 

Para corrigir essa questão, é preciso colocar a vida financeira como prioridade. Uma boa ideia é estipular algo como 1 ou 2 horas por semana (pelo menos) para dedicação às finanças pessoais. Nesse tempo é importante ler livros e assistir aulas sobre finanças e organizar o orçamento para analisar o passado, mudar o que for necessário no presente e planejar melhor o futuro.

20-Para as empresas que desejam reduzir o turnover de funcionários, como suas palestras de educação financeira podem contribuir para a retenção de talentos?

Quando as empresas se preocupam com a educação financeira dos seus funcionários e contratam as minhas palestras, elas demonstram uma preocupação genuína com seus colaboradores. A equipe entende essa preocupação e percebe as palestras como um benefício dado pela empresa, o que ajuda na retenção dos funcionários. Do lado da liderança, um funcionário que tem boa relação com a vida financeira é mais motivado e, portanto, mais produtivo.

21- Vamos falar sobre Resiliência Econômica em Crises: quais estratégias e medidas podem ser abordadas pelas empresas, no sentido de fortalecer a resiliência econômica em tempos de crise, como recessões ou pandemias? 

Quando se deparam com crises, as empresas precisam de muito foco. Em primeiro lugar, é preciso se debruçar sobre as receitas e gastos. Do lado das receitas, a análise deve focar em entender como blindar as receitas, na medida do possível, dos efeitos da crise. Do lado dos gastos, é preciso perceber quais podem ser cortados sem comprometer a entrega e os produtos.

Mas é muito importante também olhar para o futuro. Entender a conjuntura econômica atual e os prognósticos para os próximos meses (e anos) é fundamental para fazer um planejamento consistente de como navegar os anos de crise e como aproveitar e identificar oportunidades nos momentos de recuperação.

22-Quais são os tópicos-chave, segundo a sua perspectiva, que as empresas de eventos devem considerar ao buscar uma análise acessível e envolvente do cenário econômico para seus participantes?

Em primeiro lugar é importante procurar por profissionais com boa formação, em instituições de excelência. Além disso é necessária experiência profissional em empresas sólidas. Isso dá a conhecimento necessário para um conteúdo robusto e relevante. Em seguida, é preciso encontrar profissionais que consigam traduzir esse conteúdo robusto e relevante para a linguagem do dia a dia, de forma a se conectar com o seu público. Eu sempre tenho esse cuidado em minhas palestras e nas minhas entrevistas na imprensa: traduzir o economês para o português.

23 – Quais são os indicadores econômicos mais importantes que as empresas devem acompanhar para entender melhor o ambiente de negócios?

É preciso entender os desafios atuais, a conjuntura e o prognostico para o futuro. Mais especificamente alguns indicadores são bastante relevantes. Em primeiro lugar, os indicadores de atividade (como o PIB e as vendas no varejo) ajudam as empresas a entender como está a demanda e planejar produção e estoque de produtos. Em segundo lugar, os dados do mercado de trabalho ajudam a empresa a entender melhor os seus custos, em especial aqueles relacionados à contratação de funcionários. Por fim, os dados de inflação também são essenciais para o orçamento das empresas. Eles dão um norte a respeito da evolução dos preços praticados por fornecedores e da possibilidade de reajuste de preços finais.

24- Quais são as abordagens mais eficazes para comunicar conceitos econômicos complexos de forma acessível durante palestras e eventos corporativos?

Em primeiro lugar, é preciso entender as necessidades do cliente, para montar um conteúdo que seja de fato relevante para ele. Em seguida, é muito importante colocar trazer os conceitos de economia e finanças com uma linguagem clara e possa ser entendida pela audiência. Exemplos de dia a dia ajudam muito nesse esforço. Por fim, é preciso apresentar a forma como esses conceitos e prognósticos terão impacto nas finanças das empresas e dos seus colaboradores.

25- Explica para gente o que é o IPCA e porque isso importa para o orçamento de cada um? 

IPCA significa Índice de Preços ao Consumidor Amplo. Esse indicador serve para medir a inflação. O IBGE (que é o instituto de pesquisas e estatísticas do governo) sai a público todos os meses para pesquisar os preços que compõem a cesta de consumo típico de um consumidor brasileiro. Ele pesquisa preços de produtos como alimentos, roupas, calçados e eletrodomésticos e serviços como costureira, academia e educação. A inflação é o nome que se dá à variação dos preços dessa cesta de consumo.

O acompanhamento da evolução do IPCA é importante porque é por meio dele que o consumidor consegue entender a evolução do seu poder de compra. Assim ele consegue se planejar melhor e entender melhor a evolução dos seus gastos. Por exemplo se o IPCA mostra um aumento de 10% e a sua academia de ginástica apresentou um aumento de 25%, deve haver um questionamento em relação ao reajuste bem acima da média.

26- Muito tem se falado a respeito do marco fiscal. O que ele tem a ver com o dia a dia da sua empresa? Quais seus impactos em uma organização? 

O marco fiscal é uma regra que tem como objetivo conter os gastos do governo federal. A ideia é que o governo persiga o equilíbrio das contas públicas, com os gastos em linha com a arrecadação. A solvência do governo federal influencia diretamente as empresas porque tem um forte impacto sobre os juros da economia. Quando os gastos do governo estão descontrolados, há um aumento nas taxas de juros e o contrário acontece quando os gastos do governo estão descontrolados. Sendo assim, se respeitado, esse novo marco fiscal terá um impacto positivo de juros menores na economia como um todo e, em especial, crédito mais baratos para as empresas. Além disso, quando o governo tem limite de gastos, consegue ser mais produtivo e gastar melhor. Isso tem impacto sobre a produtividade da economia de longo prazo.

27- Foi incrivelmente enriquecedor trocarmos essas ideias tão relevantes com você, Marcela! Gratidão pela sua atenção! O espaço a seguir é seu para deixar uma mensagem a todos os que acompanharam até aqui.

Acredito que o entendimento de economia e finanças pessoais tem muita relação com o exercício de cidadania. O consumidor que tem conhecimento de educação financeira consegue perseguir bem-estar financeiro e, portanto a prosperidade. Além disso, deixa de gastar dinheiro com juros e passa a consumir mais e melhor, ajudando a atividade econômica. O conhecimento de economia ajuda consumidores e empresas a se planejarem pois tem uma visão mais clara do futuro. Além disso, conseguem ter uma visão melhor das políticas públicas e podem votar melhor. Esses conceitos são, portanto, importantes para o futuro do país.

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Marcela Kawauti

Especialista em Finanças e Economia com 20 Anos de Experiência!

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