Palestras de Sucesso Entrevista Marcela Kawauti – Parte 1

1- É uma honra recebê-la aqui no cast da Agência Palestras de Sucesso, querida palestrante, Marcela Kawauti! Gratidão por ceder um pouquinho do seu concorrido tempo para compartilhar com nossos leitores, seu conhecimento e ensinamentos tão relevantes. De início, conta pra gente como a saúde financeira do colaborador pode afetar uma empresa e de que maneira a liderança e gestão podem trabalhar esta questão para ajudar os funcionários?

Os problemas financeiros impactam todas as áreas da vida do consumidor: o relacionamento com amigos e família, a vida social, a capacidade de concentração e certamente a produtividade no trabalho. A ansiedade por conta dos problemas financeiros suga a energia desse colaborador. Ela fica direcionada às preocupações financeiras e aos possíveis caminhos para lidar com esse problema.

Em muitos casos a liderança, focada nos resultados da equipe e da empresa, acaba por desligar esse funcionário porque confunde a apreensão e a preocupação legítima com o bem-estar financeiro com falta de motivação ou baixa performance. O problema é que a empresa acaba perdendo um bom funcionário, que já está adequado ao ambiente e treinado para a função.

A liderança e a área de recursos humanos precisam dar as ferramentas adequadas para que esse funcionário possa reorganizar as suas finanças, buscar o bem-estar financeiro e a prosperidade. A melhor ferramenta é o conhecimento, e mais especificamente a educação financeira. O colaborador que tem informação consegue organizar o seu orçamento, pagar suas contas em dia, evitar e resolver a inadimplência e planejar o seu futuro. Desta forma, esse funcionário tem energia e motivação de sobra para aumentar a sua produtividade e contribuir com a empresa.

2- Diante de sua experiência, compartilhe conosco quais são os principais fatores que prejudicam a capacidade de buscar a prosperidade, sobretudo quando pensamos no público feminino?

A busca pela prosperidade passa necessariamente pela educação financeira. O conhecimento ajuda o consumidor a organizar o seu orçamento, gastar de maneira planejada, cortar despesas desnecessárias e evitar dívidas desnecessárias.  Esses passos importantes tornam possível encontrar valores que possam ser redirecionados para uma reserva financeira que pode ser usada para cobrir uma emergência ou realizar um sonho. 

Quando pensamos no público feminino, há alguns obstáculos importantes. Muitas vezes as mulheres não são estimuladas pela família (em especial pais e maridos) a tomar o controle de sua vida financeira, perseguir os conhecimentos necessários para educação financeira e organizar o seu orçamento. Essa falta de conhecimento muitas vezes resulta em dificuldade de tomar pé da sua vida financeira e buscar uma vida independente. 

Além disso, as mulheres são as principais responsáveis pelas compras de dia a dia da família (comida, produtos de higiene e limpeza, etc), e, portanto, pelo orçamento doméstico. Ensinar mulheres a lidar bem com finanças pessoais pode mudar o panorama financeiro da família toda.

3-Quais são os principais desafios financeiros enfrentados pelos funcionários que afetam sua produtividade, e como suas palestras abordam esses desafios?

O maior desafio financeiro dos funcionários é a inadimplência e a preocupação com o pagamento de dívidas a vencer. Digo isso porque é esse o problema que mais frustra, preocupa, drena a energia do colaborar e tira o seu foco das atividades diárias e do trabalho. 

As minhas palestras de educação financeira ajudam os funcionários (e suas famílias) a lidar melhor com o dinheiro, buscar o bem-estar financeiro e a prosperidade. Com conhecimento e as ferramentas corretas, os funcionários conseguem organizar a sua vida financeira, evitar dívidas desnecessárias, pagar as dívidas atuais e resolver o problema da inadimplência. 

4- A cada dia percebemos o quanto há mais mulheres empreendendo e buscando uma renda extra. Muitas, aliás, evoluem e fazem dessa renda extra, sua principal fonte. Ao seu ver, quais os principais desafios do empreendedorismo feminino e como você observa o fato de que há diversas pesquisas ao redor do mundo que constatam o quanto o fato de termos mulheres em postos de liderança, têm gerado mais lucros nas empresas?

O empreendedorismo feminino é importantíssimo para a renda das famílias. Mas muitas vezes as mulheres empreendedoras enfrentam alguns desafios importantes. 

Em primeiro lugar, em geral as empreendedoras têm um bom conhecimento da atividade-fim da sua empresa, mas há pouca informação sobre a atividade-meio. Por exemplo, uma mulher que abre uma loja de roupas muitas vezes é antenada nas tendências de moda e nas peças que podem encantar o seu público. Mas tem pouco conhecimento sobre formalização da empresa, gestão de funcionários e declaração de impostos. Isso acaba implicando em uma gestão pouco profissional, que pode ter como resultado algumas ineficiências e gastos excessivos.

Há também um problema de planejamento financeiro pessoal. Abrir uma empresa implica em muitos gastos para investimento inicial. Por outro lado, o faturamento pode demorar alguns meses para chegar no valor necessário para que a empresa seja lucrativa. Isso implica em necessidade de planejamento e de uma reserva financeira para que essa nova empreendedora possa arcar com os gastos de início da empresa e para que ela possa contar com uma reserva para pagamento de contas até que a empresa comece a dar o retorno esperado.

Por fim, o aumento no número de mulheres na liderança de grandes empresas tem muitos pontos positivos. Pontos de vista diversos em diretorias em geral dominadas por homens contribuem para colocar novos caminhos e direcionamentos que não seriam explorados antes e que podem levar a empresa a um novo patamar.

5- Aproveitando o “gancho”, qual paralelo você traçaria entre finanças e empoderamento feminino?

O empoderamento feminino tem a ver com liberdade para as mulheres tomarem o caminho que quiserem, que consideram mais interessante para a sua vida. A falta de bem-estar financeiro muitas vezes impede que essas mulheres possam tomar o rumo que quiserem por se verem “presas” a alguma figura masculina que paga as suas contas. A mulher que ganha o próprio dinheiro e tem conhecimento e educação para organizar bem as próprias finanças tem independência para tomar as próprias decisões e traçar o caminho que quiser.

6- Comente sobre as melhores estratégias que a mulher moderna pode adotar para:

Economizar 

O primeiro passo para economizar é organizar as finanças do dia a dia e saber onde é possível cortar gastos, quais compras podem ser repensadas e o que pode ser mudado. Assim, uma parte do rendimento pode ser redirecionado para as economias mensais. Também é importante se organizar para guardar dinheiro assim que cai o salário. Isso é importante para que essa consumidora não corra o risco de gastar em compras supérfluas o dinheiro que deveria ser focado na reserva financeira.

Optar por gastos conscientes 

Gastar de forma consciente requer uma reflexão antes de fazer uma compra. Sempre que der vontade de fazer uma aquisição, é preciso entender se há dinheiro para isso e de que forma ela será paga. Além disso, deve haver uma reflexão se de fato esse produto é necessário e de fato será usado.

Construir sua reserva financeira

A reserva financeira precisa ter foco. E é necessário ter uma programação financeira de longo prazo. Desta forma, essa consumidora pode se programar para guardar dinheiro logo quando cai o salário. Além disso, ela sabe exatamente qual o objetivo dessa reserva e pode deixar esse dinheiro rendendo no longo prazo.

07- Como podemos identificar possíveis fontes de renda extra e de que maneira determinar quais as melhores formas de investimentos?

Em geral as fontes de renda vêm de algum talento ou habilidade que essa pessoa tem. E na identificação da forma que esse talento pode ser transformado em um produto e vendido. Em segundo lugar, uma possibilidade de renda extra é a contratação temporária, em especial em serviços que funcionam em horários alternativos e aos finais de semana.

Sempre que possível, a renda extra pode (e deve!) ser colocada em investimentos interessantes para render. Mas a escolha dos melhores investimentos depende conhecimento a respeito das melhores opções possíveis. Desta forma, o consumidor pode identificar os investimentos que tem o prazo, o risco e o rendimento mais adequados.

08- Restabelecer o equilíbrio financeiro é possível? Como?

Sim, mas isso depende de conhecimento, disciplina e planejamento. O conhecimento leva a uma análise do orçamento e das finanças pessoais, de forma a entender o que pode ser revisado ou cortado com o objetivo de equilíbrio. A disciplina é importante para colocar a vida financeira como prioridade, anotar gastos, revisar e analisar. E o planejamento serve para dar um norte e para construir uma reserva financeira para o futuro.

09- Afinal, quais ações devemos tomar para controlar os gastos por impulso?

Sempre que há uma possibilidade de compra, é necessário respirar fundo e pensar se aquilo cabe na sua vida e se há recursos para o pagamento. Há uma orientação muito útil que serve para aqueles momentos em que bate uma vontade “incontrolável” de comprar alguma coisa. Separe pelo menos meia hora para pensar. 

Se estiver dentro de uma loja ou um centro de compras, tente passear um pouco, parar para tomar um café. Para compras pela internet, também vale a orientação de ir pensar em alguma outra coisa antes de decidir. Em geral, esse tempo é suficiente para refletir a respeito da capacidade de pagamento e a necessidade daquele produto. Isso ajuda muito a evitar as compras por impulso.

10-Que fatores devemos considerar para realizar um planejamento financeiro eficiente e executá-lo com assertividade?

É preciso ter muita disciplina para anotar todas as fontes de renda e os gastos. Isso é importante para que, ao final do mês, seja possível analisar o que pode ser feito diferente no futuro. É importante que o consumidor destine pelo menos uma hora por semana para focar no planejamento financeiro. Mesmo que essa atividade seja muitas vezes considerada “chata”, ela é importantíssima para melhorar o bem-estar financeiro.

11-Inteligência financeira implica em bons hábitos, correto? Quais dicas você daria para aquela pessoa que está decidida em mudar o mindset em relação às finanças? Quais os principais hábitos que ela precisa adotar?

Em primeiro lugar, colocar a análise da vida financeira como prioridade. Após anotar todas as fontes de renda e os gastos (incluindo aqueles pequenos gastos que parecem insignificantes, mas podem afundar o orçamento) é necessário analisar o passo, mudar o presente e mudar o futuro.

Lembre-se, você passa 40 horas semanais (ou mais!) para ganhar dinheiro. É possível analisar ao menos algumas horas no mês para olhar a vida financeira.

12-Como você vê o impacto da educação financeira na qualidade de vida e na saúde mental das pessoas? Como suas palestras contribuem para melhorar esses aspectos?

A educação financeira é importantíssima para a saúde mental e qualidade de vida. O bom relacionamento com o dinheiro dá liberdade e energia, além de tranquilidade para que o consumidor possa focar no trabalho, curtir o tempo de lazer com seus amigos e família.

As minhas palestras dão para esse consumidor o conhecimento e as ferramentas para poder melhorar a sua relação com o dinheiro, mudar sua vida financeira e ter essa tranquilidade. Vale lembrar que mudanças que podem parecer pequenas no curto prazo podem ter resultados importantes em prazos mais longos.

13- Na sua visão: construir riqueza é uma questão de escolha? Por qual razão o planejamento financeiro não é levado a sério por boa parte das pessoas?

A construção de riqueza depende de dois fatores. Oportunidade de ganhar dinheiro e conhecimento para lidar com esse dinheiro da melhor forma possível. A educação financeira dá ao consumidor a possibilidade de organizar as finanças e melhorar os gastos, direcionando parte da renda para os investimentos e acúmulo de riquezas.

Ainda assim o planejamento financeiro não é levado a sério por boa parte da população. Além da falta de conhecimento, há o fato de que organizar as finanças é considerado “chato” ou desinteressante por muitos consumidores. Mas é importante lembrar que não organizar as finanças pode ter consequências muito negativas no longo prazo.

14-Poderia compartilhar com nosso público algumas dicas de investimento para quem quer começar, ainda que com pouca grana? Quais orientações você pode oferecer para quem está pensando em começar a investir?

Em primeiro lugar, é preciso analisar o orçamento e entender qual valor pode ser direcionado para a reserva financeira. Lembre-se, nenhum valor é pouco demais. Mesmo que o a economia pareça modesta, no longo prazo, o dinheiro bem investido e depositado com disciplina e consciência pode se tornar um montante relevante.

Em segundo lugar é preciso entender para que é feita a reserva financeira. Isso é importante porque cada objetivo tem um tipo de investimento correspondente. E por fim, é preciso conhecer com detalhes quais os investimentos disponíveis para conseguir analisar qual o mais interessante para as suas finanças e o seu perfil.

15-Indique um livro (ou um filme, ou uma série, ou um site, ou um canal) que seja inspirador em relação às finanças e nos conte por quais motivos.

Eu gosto muito da série de livros de finanças escritos pelo Gustavo Cerbasi. Em primeiro lugar, porque ele foi um dos pioneiros da educação financeira no Brasil. Em segundo lugar, pela clareza com que ele coloca conceitos importantes de educação financeira. Por fim. ele tem um livro para cada ocasião e para cada perfil: casais, famílias, aposentadoria, etc.

(Continua…)

Marcela Kawauti

Especialista em Finanças e Economia com 20 Anos de Experiência!

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