Palestras de Sucesso Entrevista Kamila Guimarães – Parte 2

13- O que líderes e empresas precisam compreender sobre o impacto do reconhecimento, ou da ausência dele,  na saúde emocional das equipes?

Resposta: O reconhecimento é um dos maiores combustíveis para a saúde emocional e a motivação das equipes. Quando líderes e empresas valorizam sinceramente o esforço e as conquistas dos colaboradores, eles fortalecem a autoestima, o senso de pertencimento e a confiança.

Por outro lado, a ausência de reconhecimento gera frustração, desvalorização e desgaste emocional. Isso pode levar ao desengajamento, queda na produtividade e até ao aumento do turnover.

Mais do que elogios superficiais, o reconhecimento precisa ser autêntico, específico e consistente, mostrando que cada contribuição importa e faz diferença.

Líderes que compreendem esse impacto investem em culturas organizacionais mais saudáveis, colaborativas e resilientes.

14- Na prática, como transformar o discurso de “valorizamos o bem-estar” em uma cultura real de cuidado dentro das empresas?

Resposta: Transformar o discurso de “valorizamos o bem-estar” em uma cultura real de cuidado exige coerência entre fala e prática. Não basta campanhas em datas específicas ou frases bonitas em murais — é preciso construir um ambiente onde o cuidado seja vivido no dia a dia.

Na prática, isso significa:

– Ouvir as pessoas de verdade, com escuta ativa e sem julgamentos

– Revisar metas e jornadas, evitando a cultura da exaustão como medalha

– Capacitar lideranças para atuarem com empatia e inteligência emocional

– Oferecer apoio psicológico, políticas de flexibilidade e segurança para falar sobre saúde mental

– Celebrar pausas, não só entregas — porque descanso também é produtividade

– E principalmente: agir com consistência, mesmo quando ninguém está olhando

O bem-estar só se torna cultura quando ele deixa de ser exceção e vira regra. E isso acontece quando as pessoas sentem que são vistas, respeitadas e cuidadas — não só como profissionais, mas como seres humanos.

15- Como implementar hábitos de autocuidado no dia a dia de quem vive sob pressão constante e sente que não tem tempo para si?

Resposta: A maioria das pessoas que atendo me diz a mesma coisa: “Eu sei que preciso me cuidar, mas não tenho tempo.” E eu sempre respondo: o autocuidado não começa quando você tem tempo — começa quando você entende que precisa sobreviver com dignidade, mesmo na correria.

Para quem vive sob pressão constante, o segredo não está em grandes mudanças, mas em micro decisões diárias. Comece pequeno, mas comece:

– Respire fundo antes de responder uma mensagem

– Coma com presença, nem que sejam 10 minutos

– Desligue as notificações por um período do dia

– Anote o que está sentindo, nem que seja em uma frase

– Diga “não” com mais consciência e menos culpa

– Ore, caminhe, ou apenas fique em silêncio por alguns minutos

Autocuidado é lembrar-se de si mesma nos pequenos gestos. Não é sobre ritual de luxo, é sobre rotina possível. E quando você começa a se escolher nas coisas simples, algo dentro de você muda — e o mundo ao redor começa a respeitar também esse novo espaço que você está ocupando.

Porque o autocuidado não exige tempo: exige decisão.

16- Você costuma dizer que “não é sobre fazer mais, é sobre se respeitar mais”. Como essa mentalidade pode mudar a forma como trabalhamos?

Resposta: Sim, eu costumo dizer isso porque, durante muito tempo, a gente acreditou que o valor de uma pessoa estava na quantidade de coisas que ela fazia — e não em como ela se sentia enquanto fazia.

Mas viver correndo, acumulando tarefas, atendendo a expectativas e se esquecendo de si não é produtividade — é sobrevivência crônica.

Quando entendemos que “não é sobre fazer mais, é sobre se respeitar mais”, tudo muda:

– Começamos a trabalhar com mais presença e menos pressa

– Passamos a priorizar o que importa, em vez de tentar abraçar tudo

– Reconhecemos nossos limites como parte da nossa força, não da nossa fraqueza

Essa mentalidade nos devolve dignidade no dia a dia. Tira o peso do desempenho e coloca luz na integridade. Porque produtividade com sofrimento não é sucesso — é esgotamento disfarçado.

Respeitar-se mais é o primeiro passo para uma carreira sustentável, saudável e com propósito real.

17- Em uma cultura dominada por filtros e padrões, o que você considera essencial para fortalecer uma autoestima que não dependa da validação externa?

Resposta: Em uma cultura onde tudo é filtrado — a imagem, a emoção, o corpo, até o sucesso — fortalecer uma autoestima verdadeira é quase um ato de resistência.

A chave está em voltar para dentro. Em se perguntar: Quem eu sou quando ninguém está olhando? O que me sustenta quando os likes não vêm?

Para construir uma autoestima que não dependa da validação externa, é essencial:

– Conhecer sua história e honrar seu caminho, com todas as marcas que ele carrega

– Valorizar suas pequenas vitórias diárias, mesmo que não sejam “instagramáveis”

– Se cercar de verdades e não de comparações — porque o que vemos nas redes é recorte, não realidade

– Praticar o autocuidado não como moda, mas como ato de respeito diário

– E principalmente: lembrar que seu valor não está na performance, na estética ou na aceitação alheia — está em existir com inteireza

A validação que cura não vem de fora. Ela nasce quando você para de se abandonar para caber em expectativas que nem são suas.

Autoconhecimento, fé, presença e verdade — é isso que sustenta uma autoestima que permanece, mesmo quando os aplausos silenciam.

18- Kamila, você costuma falar sobre a dor de não saber mais o que nos move ou o que gostamos. O que causa esse apagamento interno?

Resposta: Sim… Essa é uma dor que eu conheço bem — a de olhar pra dentro e não encontrar mais respostas. De não saber o que gosta, o que sonha, o que move. É como se a gente estivesse viva por fora, mas anestesiada por dentro.

Esse apagamento interno não acontece de uma vez. Ele vai se formando aos poucos, toda vez que a gente se abandona para agradar, se molda para caber, silencia para não incomodar. Acontece quando vivemos só para cumprir tarefas, expectativas e papéis — e esquecemos de nutrir quem somos além disso.

A falta de tempo para si, o excesso de pressão, a comparação constante, traumas não olhados… tudo isso vai apagando a chama da identidade. A pessoa deixa de ser autora da própria vida e vira só executora de demandas.

Mas a boa notícia é que é possível acender essa luz de novo. Começa com pequenos resgates: lembrar o que te emocionava, o que fazia seus olhos brilharem, o que te dava paz.

Voltar a escrever, dançar, orar, caminhar em silêncio. Buscar ajuda terapêutica, espiritual. E principalmente, se ouvir com gentileza.

Porque ainda está aí — essa parte sua que sabe exatamente quem é. Só precisa de espaço, cuidado e tempo para reaparecer.

19- Quais perguntas ou exercícios simples você sugere para quem quer começar a se reconectar com sua própria essência?

Resposta: Reconectar com a própria essência não exige rituais complicados — exige pausa, silêncio e coragem de se escutar de novo. A gente se perde aos poucos, mas também pode se reencontrar um passo de cada vez.

Algumas perguntas simples e transformadoras que costumo sugerir são:

– O que me faz sentir viva, mesmo nos dias difíceis?

– O que eu gostava de fazer antes de me preocupar em ser “produtiva”?

– O que estou sentindo hoje, de verdade, sem filtros?

– O que estou precisando agora — e tenho ignorado?

– Se eu pudesse escolher um novo começo, como ele seria?

E alguns exercícios que podem ajudar nesse processo:

📝 Escrita livre diária: escreva por 5 minutos sem filtro, só deixando fluir o que vier.

💭 Momento de silêncio intencional: 10 minutos por dia longe do celular, apenas respirando, ouvindo a si mesma.

📖 Diário de gratidão e identidade: anote diariamente 1 coisa pela qual é grata e 1 coisa que redescobriu sobre si.

🙏🏽 Oração ou meditação curta com uma pergunta: Deus, o que o Senhor quer me mostrar sobre mim hoje?

Reconectar-se com a essência é lembrar que você não nasceu para viver no automático. Sua alma tem voz — só precisa de espaço para ser ouvida de novo.

20- Como distinguir entre o que a pessoa aprendeu a querer (por influência externa) e o que ela realmente deseja?

Resposta: Distinguir o que a gente aprendeu a querer do que a gente realmente deseja é um dos maiores desafios da vida consciente. Porque desde pequenos, fomos moldados a seguir expectativas: da família, da sociedade, da religião, das redes sociais…

Muitas vezes, a gente corre atrás de algo por anos — um cargo, um padrão, uma rotina — e quando conquista, se sente vazia. Isso é sinal de que talvez aquele desejo nunca tenha sido seu de verdade.

Uma forma prática de começar a fazer essa distinção é observar as sensações. Pergunte-se:

– Esse sonho me empolga ou me pressiona?

– Me sinto mais viva ou mais exausta quando penso nisso?

– Quero isso mesmo que ninguém aprove, curta ou veja?

– Se ninguém esperasse nada de mim… o que eu escolheria fazer com meu tempo?

Os desejos genuínos carregam paz, não apenas euforia. Eles acendem a alma, mesmo que deem medo. Já os desejos emprestados cobram, apertam, exigem — mas não nutrem.

Voltar-se para dentro, com verdade, é o primeiro passo para fazer escolhas que honram quem você é — e não quem o mundo quis que você fosse.

21- Em ambientes corporativos, a autossabotagem é muitas vezes mascarada de perfeccionismo. Quais sinais silenciosos de autossabotagem você costuma observar em líderes e colaboradores?

Resposta: A autossabotagem em ambientes corporativos é sorrateira — e muitas vezes aparece mascarada de perfeccionismo, responsabilidade excessiva ou “alto padrão”. Mas na verdade, ela esconde medo, insegurança e a sensação de não merecimento.

Alguns sinais silenciosos que observo com frequência em líderes e colaboradores são:

– Procrastinar decisões importantes, esperando o “momento perfeito” que nunca chega

– Revisar demais uma tarefa por medo de críticas, gastando energia além do necessário

– Evitar visibilidade, recusando elogios, promoções ou convites por achar que “ainda não está pronta(o)”

– Se sobrecarregar de tarefas, sem delegar, para justificar a própria presença ou tentar provar valor

– Desacreditar de conquistas, minimizando resultados ou esperando que alguém descubra que “não é tão bom assim” (a famosa síndrome do impostor)

Tudo isso pode parecer dedicação, mas na verdade é uma forma inconsciente de se proteger do medo de falhar, de se expor ou até de vencer.

A cura começa com autoconhecimento e coragem de se olhar com honestidade. E também com ambientes seguros, onde errar não é sentença e sim parte do processo.

Autossabotagem não é falta de competência — é excesso de cobrança. E merece acolhimento, não julgamento.

22- Como lidar com a pressão de ser o que os outros esperam e não quem realmente somos?

Resposta: Lidar com a pressão de ser o que os outros esperam é uma das maiores batalhas internas que enfrentamos. Porque desde cedo fomos ensinados a agradar, a se encaixar, a buscar aprovação — mesmo que isso custasse nossa verdade.

Mas viver para corresponder à expectativa alheia tem um preço alto: o abandono de si.

Aos poucos, a pessoa vai se perdendo, sorrindo por fora e se esvaziando por dentro.

O primeiro passo é reconhecer essa dor com honestidade: “Estou cansada de interpretar um papel que não é meu.”

Depois, é preciso coragem — não para se rebelar, mas para se lembrar. Lembrar de quem você é, do que acredita, do que te move de verdade.

Algumas perguntas ajudam nesse processo:

– Se ninguém me julgasse, o que eu faria diferente amanhã?

– O que eu venho adiando por medo de decepcionar alguém?

– Quais partes minhas estão adormecidas por causa das expectativas externas?

Lidar com essa pressão também exige limites saudáveis e, muitas vezes, silenciar vozes externas para ouvir a sua própria.

Não é egoísmo. É sobrevivência emocional.

Ser quem você é, mesmo em um mundo que quer moldar tudo, é um ato de coragem — e de libertação.

23- Como a fé pode ajudar uma pessoa a se manter firme mesmo em ambientes desafiadores e pressionados?

Resposta: A fé, pra mim, é o que sustenta quando tudo ao redor desaba. É o lugar seguro que a gente encontra dentro, mesmo quando o ambiente externo é desafiador, injusto ou sufocante.

Em ambientes pressionados — onde se cobra demais, se reconhece de menos e onde a alma muitas vezes se cala para sobreviver — a fé nos lembra de quem somos, de onde viemos e de que existe um propósito maior sustentando cada passo.

Ela traz direção quando a mente se confunde.

Traz consolo quando o corpo cansa.

Traz coragem quando tudo diz para desistir.

A fé também nos ensina a confiar, mesmo sem controlar. A entregar o que pesa e caminhar mais leve. E isso muda tudo: o jeito de reagir, de trabalhar, de se posicionar. A pessoa que tem fé sabe que não está sozinha, mesmo quando está em silêncio.

E mais: a fé fortalece o senso de identidade. Quando você sabe quem é em Deus, não aceita qualquer rótulo que o ambiente queira te dar.

Por isso, fé não é fuga — é força. É raiz. É o que nos mantém de pé quando tudo parece nos empurrar para baixo.

24- Kamila, muito obrigada pela entrega. Para quem está emocionalmente sobrecarregado, desmotivado ou invisível em seu trabalho, qual seria o primeiro passo, simples, mas poderoso, para iniciar uma virada com gentileza e consciência?

Resposta: Para quem está emocionalmente sobrecarregado, desmotivado ou se sentindo invisível no trabalho, o primeiro passo é parar um momento para se olhar com gentileza.

Pode parecer simples demais, mas é poderoso: reconhecer que você está cansada, que isso é real, e que merece cuidado — sem julgamentos ou pressa.

Esse olhar gentil abre espaço para a consciência do que está acontecendo dentro de você, ao invés de só reagir no automático.

Depois desse reconhecimento, o próximo passo é se permitir um pequeno gesto de autocuidado, algo que respeite seu ritmo e sua realidade. Pode ser:

– Uma pausa para respirar profundamente cinco vezes

– Um momento para escrever o que está sentindo, sem censura

– Pedir ajuda ou desabafar com alguém de confiança

– Dizer “não” para uma tarefa que está além do que pode agora

Essa combinação de gentileza e consciência é o começo da virada — porque para transformar é preciso acolher antes, e só então agir com clareza.

Lembre-se: você não está sozinha, e toda mudança verdadeira começa dentro, com um gesto simples, mas cheio de amor próprio.

O Autocuidado para o eu,  para o outro e para o mundo.

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