Palestras de Sucesso entrevista Joel Kriger – Parte 1

1- Grande palestrante Joel Kriger, é uma grande honra recebê-lo para trocarmos ideias sobre assuntos tão relevantes para o mercado corporativo e desenvolvimento pessoal. Os desafios são uma constante em sua jornada e você tem uma  história de vida inspiradora. Traçando um paralelo entre sua experiência, de escalar os 7 picos mais altos do mundo, e os obstáculos e desafios que compõem a carreira no mundo dos negócios, onde empreender requer total dedicação e esforço, quais as maiores lições que você leva do esporte para a esfera organizacional, seja em relação à motivação, trabalho em equipe e mesmo liderança?  O que você aprendeu com essa experiência que pode ser aplicado no ambiente corporativo? 

Todo esforço necessita de planejamento, trabalho em equipe, foco e humildade para corrigir os erros para atingir o objetivo, a experiência de escalar montanhas ou praticar esportes tem a mesma exigência, a cada momento você se depara com a necessidade de trabalho cooperativo, aprendizado e desafios a serem vencidos. Para se preparar para grandes desafios é importante ter um time forte e complementar – por exemplo, para me preparar para as escaladas eu tive apoio de profissionais das áreas médica (Cardiologista), Nutrição, Instrutor de Alpinismo, Musculação, Natação e outros esportes. Agora que estou me preparando para nadar o canal da Mancha a equipe é um pouco diferente e tem profissionais das áreas médica (Cardiologista), Nutrição, Natação, Musculação e um pouco de outros esportes.

O trabalho no ambiente corporativo tem a mesma necessidade com o agravante que a pressão por resultados é enorme. A humildade em reconhecer os seus limites e vencer a insegurança de pedir ajuda traz uma lição para garantir que não existem metas bem definidas que não sejam alcançáveis.

A interação com o meio ambiente é outro paralelo interessante, pois a conjuntura externa sempre tem que ser levada em consideração. Dependendo do meio ambiente temos a oportunidade de alcançar ou não nossos objetivos. Por exemplo, na 2ª vez que eu tentei escalar sem sucesso o Everest enfrentamos um vendaval de 160km/h no campo 4 e por isso não pudemos completar a jornada. No ambiente de negócios também existem este tipo de “vendavais” e é importante ter consciência de nossos limites e de como e quando podemos enfrentar desafios como este.

2- Como foi a sua preparação para enfrentar o desafio de escalar o monte Everest? Quais foram as principais dificuldades e como você as superou?

Para escalar o Everest, existe a necessidade de um aprendizado completamente diferente do proporcionado no Brasil, não temos geleiras, montanhas acima de 5000 metros, assim foi necessário partir do zero, com treinamento realizado na Argentina, Bolívia e Equador.

A escolha do equipamento necessário disponível em poucas lojas no Brasil, melhorar a forma física fundamental para esta empreitada

A preparação física iniciada aos 50 anos, começou com natação, corridas de montanha e depois Iron Man, a necessidade de organizar o tempo necessário para o treinamento com as atividades profissionais, foi outro aspecto fundamental que contou com a compreensão dos membros da equipe de trabalho e da família.

Também foi importante um planejamento de longo prazo visando alcançar a grande meta. Um feito destes não acontece da noite para o dia e sim é fruto de muitos pequenos passos na direção certa.

3- Como um profissional que deseja atuar em alta performance pode usar planejamento estratégico, o foco e a resiliência para alcançar seus objetivos profissionais? Quais as principais vantagens que o planejamento estratégico pode promover no sentido de alavancar uma empresa?

O planejamento estratégico na atividade de alta performance e a atuação nas empresas possuem muitos pontos em comum. Ambos necessitam do planejamento que se inicia com a definição de metas, traçar necessidades para atingi-las e alocar os recursos necessários para a realização de objetivos. Nenhum grande objetivo pode ser alcançado por “sorte” e sim por muitos esforços continuados na direção correta, e também por correções de rumo ao longo da jornada quando necessário.

Quanto à resiliência posso dizer que os profissionais que conseguem desenvolvê-la, lidam melhor com as frustrações, traçam novos e melhores objetivos a partir da análise técnica dos cenários e dos problemas encontrados e conseguem alcançar os resultados muitas vezes de forma mais efetiva.

4- Em uma época onde vemos diversas situações envolvendo questões de etarismo, você simplesmente calou a boca de todos aqueles que criticam ou demonstram preconceito com as pessoas mais experientes. O que você pensa sobre o tema etarismo e qual é o seu maior sonho atualmente? Como você pretende realizá-lo? 

Eu tenho uma visão muito critica contra qualquer preconceito, não acho que as pessoas possam ser medidas pelas suas características como idade, sexo ou cor, o importante é mostrar competência para atingir os objetivos da empresa ou do esporte

Eu tenho um time line bem definido para os próximos anos, este ano o Canal da Mancha, no ano que vem o mundial de Ironman, provas intermediárias para avaliar a evolução e o treinamento.

Para os anos seguintes tenho a intenção de fazer algumas maratonas, Ultraman e se chegar com saúde, ser o homem mais velho a subir o Everest, no mínimo 82 anos.

Uma pergunta que enfrento quando estou começando um projeto profissional é se estarei vivo quando o projeto estiver dando resultados. A resposta que dou é que se o projeto depende de uma pessoa ele não está bem planejado

Tenho feito diversas palestras ao redor do Brasil e esta questão também sempre vem à tona. O que digo é que não existe limite para nossa capacidade de nos superarmos, não importa a idade. O que precisa é um esforço continuado e bem planejado para o caminho correto.

5- Pegando o gancho da questão acima, como você mantém a motivação e a autoestima diante dos obstáculos e das críticas?

Não me levo por críticas nem elogios, tenho uma trajetória definida e o foco para mantê-la independente de fatores pessoais, mantendo a motivação comemorando os resultados dia a dia.

Aqui posso dizer que entro no modo engenheiro. Defino, planejo, executo e analiso os resultados. A disciplina na execução determina a qualidade do resultado obtido

Cada conquista no caminho gera motivação para buscar o próximo desafio. Uma conquista mesmo que pequena aumenta a motivação para buscar a próxima conquista e deve ser comemorada pois é mais uma etapa vencida.

6- Um dos temas que você aborda em suas palestras diz respeito à saúde na terceira idade. Quais são os hábitos que você recomenda para ter uma vida saudável e equilibrada? Que ações a empresa pode desenvolver para estimular seus colaboradores neste sentido? 

O envelhecimento da população está aumentando aceleradamente, para manter a qualidade de vida a própria “Organização Mundial da Saúde”, recomenda um mínimo de 30 minutos por dia, as empresas cada vez mais precisam manter os colaboradores experientes para isto um programa de acompanhamento de saúde é fundamental.

Um passeio em grupo, pequenas atividades em horários determinados pode ser determinante para criar um ambiente motivador para todos.

Existem experiências de várias empresas que podem ser compartilhadas e aperfeiçoadas, uma empresa indiana, estatal de petróleo (OGNC) em 2017, fez um programa de treinamento para funcionários escalarem o Everest. 8000 se inscreveram, 30 foram selecionados e 16 chegaram ao cume. Uma alimentação equilibrada também é muito importante para manter a forma, sigo rigorosamente as recomendações da nutricionista que promoveu uma reeducação alimentar comigo.

7- Como você se tornou um empreendedor? Quais são as características essenciais para quem quer empreender e quais são os erros mais comuns que devem ser evitados?

O empreendedor que existe em cada um de nós tem que ser despertado, por necessidade ou por incentivo que as empresas oferecem para premiar as características de cada um.

Eu trabalhava no Rio de Janeiro, surgiu uma oportunidade de trabalhar em Curitiba, 1 ano depois a empresa se mudou para São Paulo, com a minha experiência numa área nova foram aparecendo várias oportunidades para criar uma empresa e desenvolver o potencial existente.

Muitos erros foram cometidos, mas como na montanha você não desiste procura uma solução e tenta novamente.

8- Como você define qualidade de vida? O que você recomenda para conciliar o trabalho com o lazer, a família e os amigos?

A minha qualidade de vida, pode ser medida pela qualidade do sono, inexistência de doenças comuns ao envelhecimento e principalmente poder acompanhar os netos nas atividades deles como corridas e caminhadas.

A recomendação para conciliar trabalho, lazer e família é sempre buscar o equilíbrio entre as atividades que compõem o nosso dia. Procuro reservar um período do dia, de todos os dias para cada uma das partes que compõem a nossa vida.

9-Kriger, quais estratégias a gestão e liderança da empresa podem lançar mão para transmitir aos funcionários a visão de resiliência e estabelecimento de metas a longo prazo? 

As transformações hoje no nosso dia a dia, se aceleraram inacreditavelmente com o uso de tecnologia. Transmitir aos funcionários resiliência e metas de longo prazo exige um constante acompanhamento de cada um deles e criar programas de reciclagem constante mantendo o nível de competitividade do trabalho em relação ao mercado externo.
Os jovens são menos comprometidos com a empresa, ou melhor não gostam de comprometimentos de longo prazo, sendo mais centrados em si mesmos, por isso o desafio de ter um propósito maior e/ou uma missão da empresa que inspire a nova geração a dar seu melhor é fundamental e a experiência de não desistir pode ajudar muito.

10- Falando sobre motivação, você comenta que “não existe segredo, é preciso apenas manter seu psicológico equilibrado, pois toda a pessoa que se dispõe a subir uma montanha tem que ser otimista, mas nenhuma chance de insucesso pode ser desprezada. Pense que a montanha continuará lá e que você sempre poderá voltar se não for bem sucedido”. Como ajudar os colaboradores que encontram-se desanimados, sem motivação alguma, diante de um insucesso,  a mudar o mindset e persistirem na busca do objetivo?

O exemplo da montanha é fundamental, pois faz parte do dia a dia, o sucesso e os insucessos, assim como saber que o objetivo final pode ser alcançado com correção dos erros e novas tentativas .

O que infelizmente acontece usando o exemplo da montanha é que não ter humildade de pedir ajuda, continuar a qualquer custo pode trazer a morte, no ambiente de trabalho esquecer que o trabalho de equipe será sempre mais produtivo é o caminho do fracasso 

Também para motivar a equipe é importante ter um desafio grande, que é relevante o suficiente e todos para congregar. Neste ponto o papel do líder deste grupo é fundamental, pois é a mola propulsora e pode ser tanto o criador do grupo quanto seu destruidor.

(Continua…)

Joel Kriger

9º brasileiro a completar todos os 7 Cumes mais altos do mundo, incluindo o monte Everest!

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