Palestras de Sucesso Entrevista Isabela Capelão

1- É muito comum no contexto atual, sobretudo na esfera corporativa e dos negócios, onde via de regra, há muita pressão e cobrança, as pessoas enfrentam situações problemáticas como burnout e demais fatores envolvendo saúde mental. O que a gestão e liderança da empresa pode adotar como ação efetiva, no sentido de cuidar e acolher seus colaboradores neste sentido? E quais os benefícios dessa ação, tanto para a empresa quanto para o funcionário?

A gestão e a liderança precisam promover uma abertura maior das pessoas sobre esse assunto e pode fazer isso a partir de palestras, eventos ou distribuição de materiais de circulação interna como e-books, newsletter para aumentar a conscientização dos colaboradores sobre a saúde mental. Esse é o primeiro passo: a conscientização.

Em seguida, identificar em seu setor, departamento ou empresa quais são os principais fatores estressores que podem ser tanto excesso de carga de trabalho como uma liderança opressiva ou fatores de cunho pessoal (separação, doença na família). Então, cabe ao líder também estar genuinamente interessado em entender o problema, abrir um espaço saudável para comunicação e buscar maneiras de resolvê-lo. Isso pode ser feito por avaliações do nível de estresse e burnout, avaliações 360 com esse objetivo específico.

Após identificados os principais fatores estressores, trabalhar essas questões. Como?

O que a empresa pode fazer para melhorar a saúde mental dos colaboradores:

-Estabelecer prazos e metas alcançáveis: se você sobrecarregar os colaboradores da sua equipe, eles podem se desmotivar, comprometer a produtividade e os resultados;

– Estimular o feedback: criar uma cultura de avaliação de desempenho seguido de feedback é essencial para abrir diálogos, abordar assuntos importantes, melhorar a comunicação, alinhar as expectativas e melhorar a performance;

– Respeitar o horário e estimular uma boa gestão do tempo: definir o horário de trabalho, as pausas e saber gerenciar bem o tempo.

Por meio de treinamentos, utilização de estratégias de enfrentamento como sessões de relaxamento, meditação, risadas, jogos e dinâmicas para estimular percepções e mudanças de estado emocional e comportamentais, estratégias de alinhamento e melhoria da comunicação ou de processos. Aqui entram também algumas ações diárias dentro da empresa como o humorômetro, dicas positivas, cada dia um promove um exercício dessas técnicas de relaxamento, criar ambientes leves e organizados e outras ações que estimulem o bem-estar no trabalho do colaborador.

Além disso, a empresa tem a opção de investir em terapia ou assistência psicológica por meio de plataformas para seus colaboradores e elas proporcionam um valor acessível para ambas as partes.

Todas essas ações precisam ser direcionadas para “sanar” os principais fatores estressores e também é preciso atenção, acompanhamento e formas de medição para identificar as melhorias e a necessidade de um novo plano.

Os benefícios dessas ações são: uma equipe com funcionários muito mais engajados, motivados, bem-humorados, criativos e satisfeitos no seu ambiente de trabalho e líderes com equipes que geram melhores resultados com qualidade de vida e saúde mental. Melhoria de clima organizacional, redução do turnover e do absenteísmo para a empresa.

2- Um tema relevante quando pensamos na esfera profissional é a transição de carreira. Um momento certamente desafiador, ele está envolto de vários mitos, não é mesmo? Quais são os mitos mais comuns, o que é verdade e como executar uma transição de carreira mais tranquila?

Um dos mitos é que tem limite de idade para fazer transição de carreira.

Com o aumento da expectativa de vida, é provável que tenhamos diversas carreiras ao longo da vida. E está cada vez mais comum encontramos pessoas começando uma faculdade ou a atuar profissionalmente depois de uma certa idade. Isso acontece muitas vezes por falta de oportunidades devido à casamento, filhos, doenças na família, condição financeira e as pessoas então iniciam uma nova profissão fora daquela idade habitual.

Não sei precisar, mas a quantidade de pessoas que se arrisca e encara uma sala de aula, uma nova profissão é bem menor do que a quantidade de pessoas que desejam fazer isso e não agem por acreditarem que estão velhas demais ou que já passou o tempo. Outras pessoas não vão para uma sala de aula, mas aposentam-se e querem fazer o que desejam e seguir uma carreira de acordo com as habilidades, estilo de vida e propósito como por exemplo empreender no artesanato, na gastronomia, no turismo e inúmeras outras situações. Algumas situações como o desemprego ou falta de oportunidades num determino ramo abre portas também para empreender em outras áreas como o marketing digital. Então, idade não é uma boa desculpa para fazer uma transição de carreira!

Outro mito é que permanecer numa carreira conhecida é mais seguro e estável.

Atualmente estamos vivendo num mundo incerto, volátil e as mudanças acontecem muito rapidamente. Sendo assim, fica complicado encontrar segurança e estabilidade, mesmo numa carreira mais tradicional ou conhecida da pessoa. É provável que novas profissões apareçam no mercado de trabalho de maneira a atender às demandas que estão surgindo a cada dia e alguns formatos de trabalho sejam transformados, como vimos o modelo híbrido e online acontecer com a pandemia. E tende a continuar acontecendo mudanças, sobretudo com o crescimento da tecnologia. Neste caso, podemos dizer que é muito mais comodidade e o fato de não querer se arriscar, mesmo que se esteja insatisfeita com a profissão ou carreira. Na realidade, tudo é incerto, existe uma falsa sensação de segurança e estabilidade quando se está num “emprego fixo” ou numa carreira duradoura já que tudo pode acontecer.

O nosso cérebro não gosta de jeito nenhum de incertezas e muitas vezes, por medo de mudar, as pessoas se mantém, por exemplo, infelizes no trabalho. É preferível manter-se em algo conhecido e seguro, mesmo que gere sofrimento, do que buscar uma mudança e navegar pelo desconhecido. Porém, o custo de manter-se nesse lugar de segurança que, na maioria das vezes, é a zona de conforto, com medo de mudar e de se arriscar impede o indivíduo de sonhar e de ir em busca de uma nova carreira e de se realizar profissionalmente.

É preciso analisar as perdas e ganhos de cada situação e o que não se perde e não se ganha ao permanecer onde está e ao realizar uma transição de carreira. Aí faz um balanço e ver se compensa. Além disso, fazer uma transição de carreira não requer largar tudo de uma hora para outra para ir atrás de num sonho. O caminho não é esse de imprudência. É possível criar um plano de ação viável e possível de forma gradativa, essa transição é um processo de mudança e necessita de planejamento.

Fazer transição de carreira não é uma coisa simples e rápida. Verdade.

Realizar uma transição de carreira implica em analisar, primeiramente, o caminho que está sendo seguido, as escolhas que estão sendo feitas e as insatisfações atuais. É importante ter consciência de que qualquer que seja a escolha da carreira, existirão perdas e ganhos e coisas que não gostamos de fazer.

Encontrar um trabalho ideal, uma carreira bem alinhada aos seus valores e objetivos envolvem três questões básicas: autoconhecimento, conhecimento do mercado e planejamento. Montar um plano de ação para desenvolver a nova carreira é essencial.

O início de uma transição de carreira muitas vezes acontece com dupla jornada, principalmente porque a pessoa precisa se preparar financeiramente ou ter uma reserva e desenvolver-se antes de mudar de carreira. Além disso, o medo de trocar o certo pelo duvidoso, faz com que as pessoas se mantenham nessa dupla jornada, funcionando como um “desmame”. Por isso é um processo de transição.

A transição de carreira precisa ser muito bem planejada para que a pessoa não sofra um burnout e nem faça as coisas sem estratégias e se frustre. Por isso, um profissional qualificado pode ajudar o indivíduo no autoconhecimento, na condução de um planejamento a seguir pelo melhor caminho possível, contornando os obstáculos e chegando ao objetivo traçado.

A ideia de que irá “desperdiçar” todo o conhecimento e aprendizado de anos numa determinada área ou profissão ao mudar de carreira.

Muitas pessoas têm esse desejo de mudar de carreira depois de formados e de consolidados em uma determinada área e acreditam que esse fato inviabiliza um recomeço. Por exemplo, a pessoa estudou e se especializou academicamente e no mercado de trabalho na área do direito e deseja se tornar chef de cozinha ou na área da engenharia e deseja trabalhar com terapias holísticas.

Crenças de que será um desperdício de talento ou de tempo investido, por exemplo. O que eu enfatizo para os meus clientes é que, numa transição de carreira desse tipo, será um grande diferencial toda essa bagagem profissional. No lugar do desperdício, uma oportunidade de se destacar.

Porém, é importante ter consciência de que não irá recomeçar do mesmo patamar em que se está na atual carreira e será necessário desenvolver algumas competências e habilidades, adquirir conhecimentos para essa nova atuação. Além disso, se for uma área diferente da qual tem atuado nos últimos tempos, é importante se atualizar. Fazer cursos, treinamentos e workshops, ler livros e materiais relacionados são um grande passo. Porém, não deixe que isso te paralise e nem fique esperando concluir inúmeros cursos para começar.

Então, quando o indivíduo enfrenta essas etapas, arrisca-se um pouco, quebra esses paradigmas, ele se desenvolve e conquista os resultados, sabendo que o desconforto faz parte do processo de mudança e de crescimento do ser humano. Olhando por outro âmbito, mudanças significam oportunidades, aprendizado, mesmo a partir de experiências negativas. É importante ter em mente que existem etapas para isso acontecer e leva um tempo, exige coragem, empenho e persistência.

Como executar:

Comece listando os seus interesses, talentos, o que você faz bem naturalmente, os seus pontos fortes, o que você gosta de fazer, o que te motiva. Escreva o máximo que puder, até se esgotarem as palavras. É o ponto de partida para encontrar a sua carreira ideal. Existem atualmente análises de perfil comportamental e outras de maneira a facilitar esse processo de autoconhecimento.

De posse de toda essa lista, chegou o momento de analisar o meio externo e explorar as possibilidades, pesquisar as profissões que existem, analisar as opções de trabalho no meio digital, online e presencial. E então identifique quais seriam os tipos de trabalho que mais se enquadram ao seu estilo, que lhe daria oportunidade de atender seus interesses e utilizar os seus talentos. Seguindo essa linha, analise as oportunidades e desafios do mercado nessa área: esse é o momento de pesquisar e analisar por meio de conversar com pessoas que já atuam nesse segmento, de buscas na internet, pesquisas. Analise os cenários.

Depois que você já identificou os trabalhos que mais se adaptam a você e as oportunidades de mercado, é o momento de pensar e listar as competências necessárias para o exercício profissional dessa área e construção de uma carreira. Dentre essas competências, identifique aquelas que você possui e aquelas que precisa desenvolver para alcançar os resultados desejados e defina quais conhecimentos precisa adquirir.

Desenvolva-se: adquira conhecimentos, faça cursos, treinamentos, workshops, um processo de coaching, leia livros, treine novas habilidades e competências. Além disso, se a transição for para uma área diferente da qual tem atuado nos últimos tempos, é importante se atualizar. Hoje em dia existem vários gratuitos e online, inclusive de universidades renomadas. Porém, não deixe que isso te paralise e nem fique esperando concluir inúmeros cursos para começar.

Diante de todas essas informações, um bom planejamento da transição de carreira com metas bem definidas é importante para que as ações sejam colocadas em prática. Planejamento é o ato de planejar e consiste em preparar, organizar, estruturar um determinado objetivo e subdividi-los em etapas com as devidas ações a serem executadas de acordo com o plano proposto.

Fazer um planejamento gera resultado, pois é possível ter uma visão ampla do que precisa ser feito em cada passo, quem é o responsável, os recursos necessários e os prazos para concretização e ser bem estruturado. Então, monte uma linha do tempo para lhe ajudar a ter uma visão geral dos seus objetivos, do período, da data e das ações necessárias para realização de cada meta. Porém, de nada adianta apenas planejar, é necessário entrar em ação e executar.

Se você quiser um acompanhamento mais direcionado e com resultados mais assertivos, fazer um processo de coaching para realizar a transição de carreira é uma excelente alternativa para quem deseja mais assertividade no processo.

3- Como é possível adotar o senso crítico e aguçar a percepção para enxergar as chances e oportunidades nas entrelinhas?

Para aguçar essa percepção e enxergar as oportunidades é preciso estar “antenado” ao que acontece, tanto em nosso entorno como a longa distância. Isso é possível por meio de informações de diversas mídias e pessoas, acesso a buscadores da internet. Procure fontes seguras e tenha cuidado com fake news!

O algoritmo das mídias digitais está programado para nos oferecer aquilo que buscamos e isso nos fecha e nos limita ao que é diferente dos nossos interesses. Então, deixe o algoritmo doido e comece a procurar coisas totalmente diversas.

Assistir documentários e entrevistas, programas diversos, filmes e livros com exemplos e trajetórias de pessoas de sucesso nas áreas de interesse e em outras também, histórias inspiradoras e de superação. Muitas vezes encontramos oportunidades onde menos esperamos e por isso ter hobbies e buscar atividades esportivas e de lazer, além de ampliarem a consciência, também nos permite conhecer pessoas fora da nossa rede de contatos.

E aí vem outro ponto importante: fazer networking, conversar e explorar o mundo das outras pessoas. Viajar também aumenta a nossa perspectiva, sobretudo quando conhecemos outros idiomas e culturas, diferentes formas de pensar, de trabalhar, de viver, além de possibilitar experiências profissionais e crescimento.  Além disso, viajar pode melhorar o seu currículo, desenvolver habilidades e ajudam a encontrar novos caminhos e soluções para as suas questões.

Entenda e saiba o que o mundo tem a te oferecer. Quando você chega num restaurante, por exemplo, a primeira coisa que faz é pedir o cardápio para ver o que ele tem a oferecer, é a mesma coisa.

Gosto muito do Mito da caverna, de Platão, para ilustrar isso.

Então, abra a sua mente para o novo, explore com curiosidade, saia da zona de conforto e do habitual, procure, converse e troque ideias com pessoas de classes, conhecimentos, culturas, religiões, profissões e interesses diferentes dos seus. Faça isso sem julgamentos.

4- Quais soluções disponíveis para humanizarmos as relações na esfera profissional e conduzir as pessoas no sentido de destravar medos, ressignificar traumas, superar fobias, e encontrar maior satisfação na vida?

No ambiente profissional é bem difícil as pessoas mostrarem as suas vulnerabilidades e por isso as pessoas têm muito mais medo de errar, de não ser a melhor e perder o seu lugar na empresa. Sendo assim, acabam aceitando muitas coisas que não condizem com seus valores, com os seus talentos ou com os seus ideais de vida e a satisfação com a vida, com o trabalho e os seus resultados diminuem.

Quando as pessoas começam a se conhecer mais e entender a si, porque fazem o que fazem, de onde vem o medo, se acolhem, respeitam mais a si e aos outros. Esse é um grande passo. Dentro das empresas, a avaliação de perfil comportamental e a análise corporal que estou me formando com uma devolutiva são estratégias que auxiliam nesse primeiro momento.

Essas avaliações e devolutiva proporcionam mais autoconhecimento e autonomia do indivíduo, para que ele se torne protagonista e autorresponsável. Aumenta a contribuição positiva do funcionário na empresa, pois a sua função, setor e atividades estão alinhados aos seus talentos, pontos fortes e valores.

Além disso, palestras para aumentar o conhecimento sobre como o ser humano funciona, as emoções, atitudes e pensamentos e como as coisas acontecem é de extrema importância e uma ação que abre a mente das pessoas e a prontidão para realizar mudanças.

Questões mais profundas como ressignificação de traumas e superação de fobias são aconselháveis se tratar com terapia, seja disponibilizada em plataforma na empresa ou por busca individual. Porém, a conscientização é importante ou eu diria até indispensável, para que os funcionários entendam que tudo é “tratável”, ou seja, questões emocionais, comportamentais, mindset/ mentalidade podem impactar os resultados das pessoas, tanto conquistas pessoais quanto profissionais.

Palestras, talk shows e blitz corporativas com um assunto específico, a terapia do riso, a contação de histórias são ações relevantes nesse sentido.

5- No cenário empresarial, uma das maiores necessidades diz respeito à motivação. A liderança de uma equipe é, por vezes, cobrada no sentido de estimular seu time a engajar, ter maior produtividade e aquele apetite em fazer suas tarefas com fome de vencer. Dessa maneira, ao seu ver, como um bom líder pode gerar a motivação certa nas pessoas?

Em primeiro lugar, o líder deve saber como se automotivar e buscar maneiras para gerar esse incentivo nas pessoas. Existem várias formas e ações que podem ser feitas no dia a dia, como a realização de avaliação de desempenho, feedbacks, elogios e abertura para as ideias.

As escolhas e decisões de fazer uma atividade pela satisfação pura e genuína, sem considerar as consequências ou onde ela vai conduzi-lo sem precisar de incentivos externos, damos o nome de motivação intrínseca. Ela ocorre quando as necessidades de autonomia, competência, de conectar-se com as pessoas e de fazer algo de bom são satisfeitas – elementos para a saúde psicológica e bem-estar.

No entanto, nem todas as atividades que realizadas no trabalho e nem na vida pessoal são prazerosas ou escolhas espontâneas, mas é necessário realizá-las – essa é a motivação extrínseca, ou seja, fazemos por causa de uma recompensa externa e o importante é o resultado da atividade e não a realização dela em si.

A forma como as pessoas administram a motivação extrínseca faz toda a diferença entre estar ou não motivado e satisfeito com a vida e com os resultados que tem obtido.

Tendo em mente que não estamos em tempo integral motivados e que a responsabilidade não é exclusiva do líder ou dos benefícios oferecidos pela empresa, é importante o líder estimular os liderados a encontrarem fatores motivacionais intrínsecos e extrínsecos.

As pessoas precisam perceber as atividades como escolhas e não obrigações- o que vai interferir na performance, nos resultados e no bem-estar. As tarefas precisam estar congruentes com os seus valores e objetivos para que sejam escolhas livres, ou seja, “eu quero fazer isso”, “fazer isso é bom para mim”. Quanto mais alinhadas, mais prazer e satisfação. Quanto menos, mais estresse.

Mihaly Csikszentmihalyi, psicólogo húngaro, doutor pela Universidade de Chicago, resolveu investigar a motivação pessoal. Para isso, ele entrevistou pessoas de diversas áreas e descobriu que as que se destacavam tinham uma característica em comum: plena satisfação e motivação intrínseca, que não dependia de fatores externos e que só acontecia quando envolvidas com determinadas atividades, mesmo que fossem obrigações.

Era um estado em que a percepção do tempo desaparecia e as pessoas ficavam tão intensamente envolvidas com a atividade que a sua realização promovia grande satisfação. Esse estado foi definido por ele como o estado de fluxo ou FLOW, que é quando o indivíduo experimenta uma entrega total na atividade desempenhada.

Esse estudo foi importante porque demonstrou que esse estado impacta em características como a criatividade, a alta performance, foco, determinação e o índice de felicidade.

Ele concluiu que o FLOW depende da relação desafio x habilidade. Então ele desenvolveu um gráfico que mostra que o estado de fluxo só será alcançado quando a tarefa for desafiadora o suficiente para manter o seu cérebro motivado, na mesma proporção em que as habilidades forem suficientes para enfrentar o desafio.

Sendo assim, quando a pessoa estiver sentindo ansiedade, tédio, apatia, excitação, preocupação, tranquilidade ou controle, basta verificar no gráfico  qual o nível do desafio e qual o nível de habilidade e então definir o que precisa ser feito: aumentar o desafio ou desenvolver alguma habilidade. Algumas vezes, para aumentar o desafio basta reduzir o prazo.

Tendo conhecimento sobre o estado de fluxo (flow) ou qualquer outro estado emocional e levando isso para cada indivíduo da equipe, o líder tem condições de saber e fazer um balanço, adequando a relação desafio e habilidades. Dessa forma, terá recursos para saber como aumentar a motivação de cada indivíduo da equipe e assim aumentar o desempenho, a produtividade e os resultados.

Existem diversas outras formas de um líder incentivar e motivar a sua equipe como estimular o senso de propósito em cada indivíduo, a experimentação de emoções positivas como curiosidade, gratidão, alegria e esperança. Além disso, é importante alinhar as expectativas de resultados e comportamentos entre líder, equipe e liderados.

6- A questão da pandemia trouxe com maior ênfase, uma necessidade que certa parcela da população apresenta há um bom tempo: a necessidade de se reinventar, especialmente em relação à carreira. Muitas pessoas relatam que se sentem empacadas e que, por algum motivo, as coisas não fluem na vida. Isso acontece não somente na carreira, mas também nos relacionamentos afetivos e pessoais. Quais as dicas você daria para alguém que se identifica com esse quadro? Quais são os passos para a reinvenção na carreira, no amor, na vida?

Quando algo acontece que nos tira do prumo como a pandemia, por exemplo, que deixou muitas pessoas desempregadas, com os rendimentos reduzidos ou tendo que tomar ações rapidamente, surge também uma necessidade de pensar diferente, de ampliar as perspectivas, de sair daquilo que era habitual e de buscar novas oportunidades.

Porém, muitos ficam assustados e desesperados – com toda razão, mas isso não resolve, outras empacam muitas vezes por medo do desconhecido ou sem saber o que fazer, presas a padrões, resistentes a mudanças. Isso é natural sentir num primeiro momento, mas não vai resolver. Então, aceitar aquilo que não podemos mudar é uma boa opção, pois não temos controle sobre os acontecimentos e nem sobre os outros, apenas sobre nós mesmos.

A primeira coisa a se fazer é respirar fundo, literalmente, para relaxar a mente, expandir a consciência e promover reflexão. Eu gosto muito de uma frase que diz “quando uma porta se fecha, outra se abre”.

Reinventar-se é o mesmo que se transformar, realizar mudanças, sair da zona de conforto ou da rotina, viver novas experiências, buscar coisas novas para fazer, não se contentar com o fácil e se desafiar, é desapegar-se do que não funciona mais e mudar a forma de pensar, se adaptar às situações.

Os próximos passos após aceitar o que não se pode mudar, respirar fundo, relaxar a mente e ampliar a consciência é ter clareza dos seus objetivos, onde deseja chegar e o que realmente deseja; redescobrir os seus pontos fortes, talentos, habilidades e interesses para identificar as oportunidades na área da vida que você busca reinventar-se.

Muitas pessoas procrastinam, paralisam e sofrem, desmotivam-se diante das situações, se desorientam e ficam rodando sem sair do lugar ou ficam em cima do muro. Isso tudo por falta de autoconhecimento, de um propósito claro e verdadeiro, do conhecimento de estratégias de enfrentamento, por crenças negativas e limitadoras arraigadas, verdades distorcidas introduzidas na mente.

Então, o próximo passo é identificar o que tem te travado, te limitado, identificar as suas crenças limitadoras- se referem a ideias absolutas, rígidas e generalizadas que remetem a condições de impotência, incapacidade, de não ser digno ou merecedor de algo.

Reconhecer o que de fato está te atravancando torna-se necessário para seguir adiante e enfrentar os desafios. O entendimento sobre os seus padrões de pensamentos e de comportamentos são essenciais para o caminho da reinvenção. Isso pode ser feito, questionando-se:

Você tem medo ou receio do quê?  O que você acredita e que te mantém nesse lugar e te impede de agir? É uma verdade absoluta ou é uma interpretação sua? Esse tipo de pensamento ajuda ou atrapalha?  É possível contornar isso? Como? Que outras maneiras existem de pensar ou fazer isso? Quais recursos, habilidades, atitudes, conhecimentos você precisa desenvolver? Que alternativas e que outros caminhos existem?

Em seguida, é o momento de ressignificar, ou seja, dar um novo significado aos acontecimentos, situações e pensamentos; uma nova percepção sobre si mesmo e sobre os eventos, criar novas crenças fortalecedoras. Talvez uma ajuda profissional seja necessária nessa etapa do processo, de um coach ou de um terapeuta.

É preciso saber dizer NÃO àquilo que não é essencial a você, ou seja, eliminar tarefas, atividades, coisas ou pessoas que não estão diretamente relacionadas aos seus objetivos e sonhos. Desapegar-se do controle excessivo e deixar ir aquilo que não faz mais sentido. Para criar o novo, algo precisa morrer.

Além disso, experimentar coisas novas também é importante para aumentar o repertório e nós estamos em constante mudança.

E o final desse processo é a etapa de reinvenção, que é criar um novo plano de vida e de recomeço, dar ação ao que foi ressignificado, criar uma nova história.

Cada uma das etapas é adaptada à área da vida que se deseja recriar. Lembrando que esse é um processo constante em nossas vidas, leva um tempo para ser concluído, é rico, conflitante e, de certa forma, doloroso.

7- Na sua concepção, qual a importância da gratidão para termos uma vida mais plena e bem-sucedida?

Gratidão é um sentimento de reconhecimento, amor, fidelidade, amizade e muito mais:  é muito nobre e grandioso! A gratidão é a capacidade de reconhecer e agradecer pelas situações e dádivas que a vida nos proporcionou, é agradecer ao outro por algum feito. Isso faz com que busquemos cada vez mais situações positivas, além do desejo de retribuir aquilo que consideramos um presente. Ela é uma emoção positiva e está fortemente relacionada à inteligência emocional.

Ao expressar gratidão, as pessoas se tornam mais generosas, bondosas e, assim, se tornam mais felizes. É um exercício que nos traz muitos benefícios, pois desperta em nós uma atitude positiva com relação à vida, o que nos fortalece para os momentos de dificuldades. Além disso, é muito melhor estar próximo e ser a pessoa que agradece mais do que aquela que reclama!

De acordo com pesquisas, pessoas que sentem e expressam gratidão experimentam menos stress, depressão e emoções negativas.  A gratidão gera uma corrente de energia positiva que beneficia tanto os que expressam quanto os que recebem.

O professor de psicologia de uma Universidade em Boston disse que, “Ser grato não é uma atitude simples, é muito importante! E não é sobre o passado, ela está lá para nos direcionar no futuro”.

E segundo Roberto Emmons, da Universidade da Califórnia, “as pessoas gratas têm uma visão diferente porque acreditam que tudo é um presente da vida. E os líderes dotados de gratidão encaram as dificuldades e adversidades de modo mais confiante e positivo e engajam mais os seus funcionários.”

8- É nítido que pessoas criativas podem fazer diferença. Afinal, a criatividade dá ao indivíduo, a capacidade de ir no futuro, entender a visão e voltar para desenvolver algo marcante. Sendo a criatividade uma característica primordial para o sucesso no mundo dos negócios e na vida em geral, e sendo você uma referência em profissional criativo, abre o jogo com a gente: o que você faz, quais seus hábitos e estratégias para desenvolver cada vez mais a sua criatividade?

Enxergar sob outras perspectivas. Tem um exercício muito interessante que eu faço com clientes em atendimentos e treinamentos que é colocar-se em posições diferentes, seja de pessoas ou de estados para mudar o mindset ou mentalidade.

Por exemplo: otimista/pessimista/neutro, criança/idoso/mestre ou escolher personalidades de sucesso ou pessoas que você admire e perguntar o que cada uma delas faria em tal situação. Posicione cadeiras para se sentar e interiorizar aquela pessoa ou estado e assim você é estimulado a sair da sua posição habitual e enxergar de fora. Quando estamos inseridos num problema ou situação muitas vezes não enxergamos o óbvio, o que está em nossa cara.

Outra coisa é sempre se questionar, duvidar de si mesmo e se perguntar: o que mais posso fazer? De que outro jeito? Quais alternativas existem para resolver essa questão?

Além disso, estamos num momento em que somos condicionados a consumir mais daquilo que é de nosso interesse, os algoritmos nos colocam para enxergar o de sempre e, com isso, passamos a não ter contato com nada diferente. Então, sugestões são assistir programas, filmes e séries de tipos (desde documentários, animações até realities), idiomas e culturas diferentes, ler livros de diversos estilos também, buscar notícias ou atualizar-se por fontes diversas, busque inspirações e evite copias.

Estimulando a curiosidade, resgatando o espírito infantil, jogando, brincando, praticando hobbies, caminhando, meditando, rindo, praticando ginástica cerebral, livrando-se do medo de errar, do querer ser perfeito, improvisando, observando os outros sem criticar. Faça cursos que estimulem essa habilidade. A curiosidade tem grande importância no processo de crescimento pessoal, no potencial criativo e no desenvolvimento das inteligências. Ela nos torna capazes de enfrentar os desafios cada vez mais complexos, nos impulsiona a encontrar soluções e buscar sempre por novidades. Inquietar-se é uma palavra-chave.

Tenha sempre um caderninho para anotar as ideias, percepções, insights e impressões, pois muitas vezes elas surgem aleatoriamente e nas situações do cotidiano, só de observarmos o comportamento das pessoas e o que acontece ao entorno e crie histórias, use a imaginação. E depois “desenrole” mais tais anotações.

Uma coisa que às vezes as pessoas não dão tanta importância ou fazem apenas por diversão é viajar, que possibilita praticar e desenvolver diversas habilidades, principalmente viajar sozinha, fazer intercâmbios, serviços voluntários em outros países, conhecer novas culturas, experimentar novos sabores, encontrar formas diferentes de fazer as coisas.

Quanto mais aumentamos o nosso repertório, melhor será. Isso pode ser por meio de experiências, de estudos, leituras, observações. Por exemplo, eu estudei e me formei na área de exatas, depois me especializei na área de humanas, trabalhei em diversos ramos e setores das empresas, já fiz parte da gestão da empresa familiar na área de comércio varejista. Então, isso me deu um repertório muito grande, além de desenvolver vários caminhos neurais.

9- Como mostrar para aquele indivíduo que está desgostoso com sua atividade profissional que é possível sim ter felicidade no trabalho, que isso pode ser mesmo uma realidade, e não se trata de uma utopia?

A questão é que não existe uma fórmula para a felicidade já que as pessoas são diferentes, tem necessidades, desejos, situações, contextos e experiências variadas. A felicidade representa um conceito inteiramente subjetivo, sendo complicado dar um significado único e universal. O que existe é uma maneira de construir a felicidade. Há algumas décadas, estudiosos de diversas universidades, com destaque para as Universidades da Pensilvânia e de Harvard, se empenharam em estudos sobre a felicidade através da psicologia positiva.

Aquele ideal de felicidade na profissão criado há anos atrás de que, quando escolhida a profissão para a qual iria prestar o vestibular, as pessoas frequentavam e se formavam em cursos que não iriam exercer no futuro. Muitas vezes para atender as expectativas dos pais ou do mercado, analisando a escolha sob o viés puramente financeiro.

Outra ideia expressada por aquela frase conhecida: “faça o que ama e não vai precisar trabalhar um dia da sua vida” também não condiz com a realidade. Fazer o que ama é um ponto positivo e que contribui para a felicidade no trabalho, porém é preciso ter consciência de que será preciso fazer coisas que não gosta e todo trabalho exige dedicação, disciplina, esforços e não é um hobby apenas. Além de gostar do que faz, também deve-se considerar um ambiente que existam relações positivas, aprendizado, apoio, um trabalho com significado.

A felicidade no trabalho é uma busca e é importante ter consciência de alguns aspectos como: onde estou, onde quero chegar, o que posso fazer para melhorar, como posso ter um ambiente de trabalho mais satisfatório. É também uma busca pessoal de como conviver bem no ambiente de trabalho, como contribuir para ter relações harmoniosas e como estar em conexão com os próprios objetivos e propósito de vida. É importante fazer uma análise se os desafios são suportáveis, se a cultura e os valores da empresa estão alinhados com os seus. Acima de tudo é preciso ter autoconhecimento.

Shawn Achor em seu livro “O jeito Harvard de ser feliz” (2010) relata que descobertas recentes nas áreas da psicologia positiva e da neurociência comprovam que, quando somos felizes e positivos, nos tornamos mais criativos, resilientes, energizados, motivados e produtivos no trabalho.

Eu também percebo as pessoas criando expectativas demais em relação às ações da empresa na construção da própria felicidade ou consideram o trabalho como um fardo, uma infelicidade que terão que fazer durante toda a vida. Com certeza fatores como benefícios, oportunidades de crescimento na carreira, ambiente e salário importam, porém não são determinantes para ser feliz no trabalho. Essa é uma questão muito individual e a maneira de encarar o exercício profissional também é importante e interfere na felicidade.

Por outro lado, as empresas acreditam que ter um ambiente agradável, fazer festas e premiações, dar brindes são suficientes para gerar satisfação aos colaboradores.

O modelo PERMA, outra teoria de Martin Seligman, considera 5 fatores que nos levam a alcançar a felicidade: emoções positivas, engajamento, relacionamentos positivos e conexões sociais, significado e propósito e realizações.

P – Positive emotions (Emoções positivas): ampliam a consciência das pessoas e estimulam novos caminhos para explorar pensamentos e atitudes, além de facilitarem o desenvolvimento de novos recursos internos ou habilidades.

E – Engagement (Engajamento): significa acreditar que as coisas que você faz valem a pena, e dedicar-se a elas com comprometimento e paixão.

R – Relationships (Relacionamentos positivos e conexões sociais): eles são fonte de apoio e de conexão. Relacionamentos positivos constituem as bases de instituições positivas, sejam elas famílias, empresas ou comunidades.

M – Meaning (Significado e propósito): é o nosso propósito de vida, aquilo que direciona nossos esforços e objetivos.

A – Accomplishment (Realização): refere-se a atingir os objetivos que estabelecemos para nós e sentirmos reconhecidos pelos nossos feitos.

Todos nós queremos ter uma vida feliz, significativa e nos realizarmos no trabalho. Porém, muitos jogam a responsabilidade para terceiros como a empresa, o líder, o colega de trabalho, o salário, os benefícios e assim por diante e, dessa maneira, vivem insatisfeitos e infelizes no trabalho.

Então, as pessoas precisam assumir a responsabilidades pelas suas escolhas e buscarem construir essa felicidade por si próprias e conectarem à profissão e ao trabalho. Não faltam estudos científicos e nem técnicas para comprovar e estimular.

10- Você tem um PodCast na Rádio Jovem Pan, não é mesmo? O que você tem a nos falar sobre essa experiência, qual tem sido o seu retorno diante deste projeto e quais momentos mais impactaram você e seu público e que você gostaria de compartilhar com nossos leitores?

Sim. Podcast Divã Jovem Pan com dicas terapêuticas para sair do estresse e viver mais leve. Funciona da seguinte maneira: os ouvintes e/ou seguidores enviam suas perguntas por mensagem no meu direct ou no da rádio JP. Eu procuro responder a todas ou a pelo menos uma pergunta de cada pessoa, pois às vezes as pessoas fazem diversas perguntas. Até o momento eu não precisei excluir, por qualquer motivo, alguma pergunta. O que eu já fiz foi compactar várias perguntas semelhantes em uma só.

Em seguida, eu elaboro as respostas às perguntas dos ouvintes e gravo os podcasts mensais na rádio. Eu acho que o fato de não ser ao vivo e nem precisar gravar um áudio com a própria voz, deixa os ouvintes mais à vontade para perguntar.

O melhor dessa experiência tem sido poder, por meio da resposta da pergunta do ouvinte, ajudar várias outras pessoas que passam pela mesma situação e não tem recursos, entendimento (ou coragem) de fazer terapia. Acredito que gera a oportunidade de esclarecer, de chamar a pessoa a refletir e a assumir responsabilidade, funciona como uma psicoeducação.

Me sinto impactada ao ver que uma simples resposta a uma pergunta e a atenção dada especialmente para a pessoa, já é capaz de mudar o seu estado emocional, de gerar conhecimento e possíveis mudanças. Percebo isso também porque todas agradecem imensamente a minha atenção, o meu cuidado em explicar de forma que entendam e de se sentirem bem melhor. O meu público também diz que os podcasts são esclarecedores e bem elaborados, é muito gostoso realizar esse processo e me sinto mais próxima das pessoas, entendo as suas dúvidas e dificuldades.

Tenho aprendido muito, tanto ao organizar e roteirizar o conteúdo quanto também ao trabalhar a minha voz para a gravação dos podcasts, além da produção que é realizada na rádio. Acredito que tenho desenvolvido habilidades relacionadas a comunicação, o que me ajuda em diversas áreas e sobretudo na profissional.

11- Um fator que acarreta em cansaço e estresse atende pelo nome de tempo, ou melhor: “falta” de tempo. Aliás, o tempo hoje é visto como uma das “moedas” mais valorizadas do mercado. O que muitas pessoas não percebem, contudo, é que o dia é o mesmo para todos, com o mesmo número de horas. Porém, algumas conseguem ter mais produtividade e ainda ter tempo de “sobra”, enquanto outras estão “afogadas” na escassez. A quais fatores você atribui essa disparidade? Quais são os principais “ladrões do tempo” e como evitá-los? 

A nossa rotina está cada dia mais acelerada e cheia de atribuições, tanto no trabalho quanto na vida pessoal. Nós exercemos diversos papeis em nossa vida como por exemplo esposa, mãe, filha, empreendedora, profissional, dona de casa, estudante e assim por diante. Quanto mais papeis e responsabilidades a pessoa tem, menos tempo, ou seja, estão diretamente proporcionais.

O avanço tecnológico tem potencializado isso ainda mais devido ao excesso de informações, distrações e estímulos constantes, dando a impressão de que o tempo está passando muito mais rápido e tornando- se cada dia mais escasso. Como consequência, sofremos com a redução da produtividade, com o aumento do estresse, da ansiedade e do cansaço mental.

A felicidade também está muito relacionada à distribuição desse tempo na vida pessoal, profissional e no equilíbrio entre os diversos papeis que exercemos e a nossa interação com os meios de comunicação e a tecnologia.

É preciso ter um equilíbrio entre vida pessoal e profissional, isso todos sabem e parece óbvio. A dificuldade é colocar isso em prática.

Então, dividir o tempo em blocos para o trabalho em casa, com a família e no trabalho e cumprir isso, ou seja, quando estiver com a família curtir aquele momento em família, quando estiver de férias curtir as férias sem ficar se conectando e resolvendo coisas do trabalho. Horário de dormir é feito para dormir e não para levar para cama problemas da empresa e preocupações do trabalho. Horário de se alimentar e fazer as refeições é para isso e não para ficar respondendo e-mails e mensagens ao mesmo tempo. E do mesmo jeito o contrário, ou seja, quando estiver trabalhando focar na realização das atividades laborais e não se distrair o tempo todo com coisas pessoais.

Um dos maiores erros das pessoas é ficar misturando os papeis e atuações pessoais e profissionais. Não precisa ser marido ou esposa, mãe ou pai, colaborador, líder ou empreendedor em tempo integral. Senão vira uma bagunça, muito estresse e a produtividade cai. Estar presente por inteiro na atividade que está sendo realizada e definir horários para cada papel que executa é uma boa estratégia.

Essa etapa de dividir o tempo para todas as suas funções ou atuações é muito importante, pois se você se dedicar integralmente à família ou ao trabalho, você vai perder alguma delas. Então, é preciso administrar estrategicamente esse tempo para ter uma vida mais leve e feliz.

Considero alguns chamados “ladrões do tempo” que podem impactar também a produtividade e os seus resultados. Faça uma análise e identifique aqueles que mais estão presentes no atual momento: falta de planejamento, dificuldade de dizer não, foco no trivial e não no que é essencial, comunicação inadequada, reuniões mal conduzidas, uso excessivo das redes sociais, smartphone, e-mail e internet, pouca habilidade para delegar ou treinar outras pessoas, procrastinação, visitas, eventos sociais e bate-papo aleatórios, situações inesperadas ou imprevistos, assumir mais atividades do que consegue.

A partir do momento em que você identifica quais são os ladrões do tempo mais presentes no seu dia-a-dia e que podem estar contribuindo negativamente com a sua produtividade ou com o sem bem-estar, chegou o momento de criar estratégias para combate-los e entrar em ação.

Então, aprenda algumas técnicas que podem lhe ajudar a lidar com essas questões e a gerir melhor o seu tempo, para elevar a sua qualidade de vida e aumentar a sua performance.

Aqui vão algumas sugestões: crie uma rotina viável e faça um planejamento das atividades, incluindo todos os papeis que realiza; coordene-se, faça combinações para reduzir as interrupções; controle o seu uso nas redes sociais e mantenha o foco perguntando antes: para que estou entrando; desative as notificações e deixe o seu aparelho celular distante durante o horário de trabalho; defina quais atividades pode delegar e defina quando e para quem; aprenda a dizer não e foque no que é prioridade e essencial. Conheça o método Pomodori e comece a aplicar: a cada 25 minutos de foco concentrado numa atividade, você faz uma pausa de 5 minutos e, a cada 4 ciclos, você faz uma pausa de 15 a 30 minutos.

12- Qual o papel da emoção e sua melhor administração, no impacto da saúde mental, qualidade de vida e felicidade no trabalho? Numa escala de 0 a 10, qual a importância da Inteligência Emocional e de que maneira podemos desenvolvê-la?  

A importância da Inteligência emocional é 10! Apesar do psiquiatra e escritor Augusto Cury dizer que, de inteligente, a emoção não tem nada! Ele aponta os diversos benefícios da gestão das emoções como combater o estresse, a ansiedade, a baixa autoestima, os problemas de relacionamentos, os medos, e, assim, transformar a vida das pessoas para melhor, definitivamente.

Inteligência emocional é uma habilidade que está ligada à nossa capacidade de reconhecer, avaliar e de lidar com nossos sentimentos, reagindo da melhor maneira às situações adversas para atingir um equilíbrio. É um conceito formulado pelo psicólogo Daniel Goleman. Ele define a inteligência emocional como a “capacidade de identificar os nossos sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as nossas emoções internamente e os relacionamentos.”

Todas as emoções fazem parte da nossa vida com maior ou menor intensidade e são úteis. Tanto a escassez quanto o excesso dessas emoções significam que algo precisa ser administrado em nosso interior, sobretudo se estiverem afetando negativamente a nossa saúde física, mental, nossos resultados ou relacionamentos. Por isso, é de extrema importância saber reconhecer, aceitar e lidar com as emoções.

Para gerenciar as emoções, é importante conhecê-las e entender sua influência no nosso dia a dia.

Então, para desenvolver inteligência emocional, seguem oito dicas:

1) Analise o seu comportamento e identifique o que precisa melhorar para atingir um equilíbrio emocional.

2) Busque técnicas para controlar a impulsividade e as reações aos acontecimentos e pratique.

3) Exercite a resiliência, ou seja, aprenda a se adaptar às situações e encontre novas alternativas diante dos desafios. Você não pode mudar o evento que ocorreu, mas pode mudar como interpreta e responde aos acontecimentos.

4) Tenha empatia; compreenda os sentimentos e emoções do outro e responda com gentileza.

5) Assuma responsabilidade pelas suas escolhas, consequências e atos. Tome consciência de que as dificuldades fazem parte da vida e devemos aprender a aceitá-las.

6) Seja flexível com as suas expectativas e paciente com os outros. As coisas não acontecem do jeito que você quer, na hora que você quer e as pessoas são diferentes.

7)  Pratique atividades de respiração consciente, como Yoga, Mindfulness, Risoterapia e outras para aliviar o estresse e a ansiedade, mantendo a serenidade.

8) Encare a vida com otimismo. Pessoas mais positivas lidam melhor com o estresse e com as adversidades.

Uma boa gestão das emoções pode exercer uma influência poderosa sobre a saúde, o bem-estar e a felicidade do indivíduo, como atestam as evidências médicas e científicas.

13- Gosto de uma frase que diz: “Pessoas não compram o que você faz. Elas compram o porquê você faz.” Por qual motivo você resolveu ajudar a tornar a vida das outras pessoas mais felizes? E aproveitando o gancho, como uma empresa, um prestador de serviços autônomo e um empreendedor pode comunicar de forma clara, este propósito para as pessoas, para seus respectivos clientes e público? 

A resposta a essa pergunta dariam várias palestras ou um livro! E já existem!

Quando escolhemos a nossa profissão somos muito novos e seguimos por um caminho que, no meu caso, foi buscando atuar na empresa da minha família e também pelas minhas aptidões que eu conhecia: matemática. Escolhi engenharia mecânica por eliminação. Cursei, me formei, atuei na área de produção que era a que eu mais gostava até resolver ir para a empresa da minha família e percebe que o meu curso não teria muita utilização, já que houve uma cisão naquele momento e a indústria foi para outro membro da família e o meu pai ficou com o comércio varejista de equipamentos para cozinhas industriais. Fiquei ali perdida um tempo, de setor em setor, sem saber e as áreas que me interessavam já estavam ocupadas pela minhas irmãs….. tipo eu sentia que não tinha lugar para mim…. resolvi começar a vender pela internet através do e-mail e montar umas estratégias de marketing bem fraquinhas, mas para quem não entendia nada, estavam ótimas. Resolvi que precisa estudar mais para me aprofundar no entendimento e estudei outra engenharia (de alimentos) e ainda sem saber como usar os conhecimentos. Ao me formar percebi que poderia ensinar todos os meus conhecimentos aos vendedores para que fossem os melhores consultores da área com entendimentos excepcionais. Não deu certo, pois ninguém estava interessado no que eu tinha para oferecer. Não desisti, porém eu não sabia o que eu queria ou não sabia como realizar o que queria e fui buscando, buscando até encontrar.

Por necessidade e para atuar nessa área na empresa familiar, fiz um curso de gestão de pessoas porque eu precisava entender o comportamento do ser humano. Logo em seguida curso de treinamento e desenvolvimento de pessoas, o que me levou a criar programas de treinamento dentro da empresa familiar e me apaixonei por essa área.

Porém, nem tudo são flores! Ninguém acreditava em mim e a cultura da empresa era bem diferente da minha proposta e lutei por vários anos, montei diversos projetos, criei muita coisa, realizei, conquistei a duras penas e contra todos, enfim….

Eu sempre fui uma pessoa alegre e animada e, por outro lado, também estressada, impaciente, imediatista. Por ser muito executora, eu acreditava que as pessoas “deveriam” ser igual a mim e fazer tudo no meu tempo e queria ações e resultados rápidos. Ainda mais depois que tive que assumir a gestão da empresa devido a licença maternidade de duas das sócias. Aí começou a saga do estresse ainda maior, do excesso de responsabilidade, de carga horária e eu ainda estava limitada a fazer o que os outros queriam…

Na empresa familiar os conflitos e desalinhamento de objetivos entre os sócios, a centralização e microgerenciamento estavam acabando com a minha saúde física e mental. Me tornei uma pessoa que eu desconhecia, ia em diversos médicos com vários ‘pipiripacos’ e nada resolvia porque eles diziam que eu precisava descansar, parar, desestressar. E eu não me sentia no direito e nem com a oportunidade de fazer isso. Sentia que tudo estava nas minhas mãos e eu estava obstinada para realizar o que eu tinha me proposto, muita autocobrança aí envolvida e eu acreditava que eu não tinha saída e não poderia parar…. até que a minha mente se calou e me parou.

Eu tive um AVC e aí chegou ao momento da minha vida em que tive mais uma chance de viver. Tive lesões na área de linguagem: fala, leitura, compreensão, memória, funções executivas. Tive que fazer reabilitação com fonoaudióloga e depois de um ano me recuperei. A minha visão de mundo e da vida mudou a partir daí. Tudo, tudo.

Eu voltei para a empresa com a ideia de trabalhar com saúde e bem-estar, montei programas e o sucesso e aceitação e resultados foram incríveis. Eu estava vibrante, feliz e constatei que essa tinha sido a melhor coisa que tinha acontecido na minha vida. Apesar de parecer loucura! Então eu precisava encontrar uma maneira de fazer com que outras pessoas não precisassem passar por episódios de quase morte para aprender a viver a vida e ser mais feliz.

A empresa familiar ficou pequena para mim e vi que ali não era mais o meu lugar e montei a minha empresa, depois de organizar toda a minha sucessão. Foi aí que eu resolvi que eu precisava ajudar as pessoas a administrarem a própria vida, a serem mais felizes e menos estressadas, a conquistarem resultados com qualidade de vida. E dei sequência a cursos e formações com esse direcionamento e fui também experimentando em mim e tudo aquilo que eu enxergava mais resultados e que estavam alinhados ao meu estilo eu resolvi utilizar. Além disso, tinha um sonho de escrever e criei até antes da empresa o blog Meus Miolos para compartilhar com as pessoas e tudo foi se encaminhando. Depois das diversas formações, também conclui uma pós em Filosofia e Autoconhecimento. Eu também me comprometi a me desenvolver e utilizar mais ainda da comunicação e da linguagem (que foi o que eu quase perdi) para compartilhar isso com as pessoas, daí surgiram as palestras, depois vídeos no Youtube, atendimentos terapêuticos, agora podcast e curso online. E ainda tenho muitos planos nessa área.

A identidade, a essência do profissional e a sua forma de se comunicar fazem total diferença, aliás passam a ser o diferencial da pessoa. Quanto mais autêntico e espontâneo melhor e assim o público é aquele que vai se identificar mais com o estilo do profissional. Por exemplo, eu utilizo uma linguagem simples e introduzo informações de estudos científicos e busco explicar complexidades de maneira que sejam de falta entendimento. O propósito está claro nas entrelinhas e é enfatizado em cada uma das ações e comunicações. É o desejo de contribuir e compartilhar os aprendizados, experiências e por meio das suas habilidades e de um estilo próprio e único.

Além disso, compartilhar as suas histórias, experiências e aprendizados também agregam muito valor a essa comunicação. Mesmo que não seja a comunicação verbal através da fala, usar de diversos artifícios para se comunicar, estimulando todos os sentidos do público. Utilizo de diversos recursos nas minhas palestras e treinamentos como a prática, as pessoas experimentam os efeitos das técnicas; aromas no ambiente, músicas, história, referências de cientistas e experts na área, gesticulo e faço contato visual com todos que eu conseguir. E quando sinto que o público gosta, faço umas brincadeiras e um humor bem leve e espontâneo.

14- Você é coautora do livro “Somos parte de uma grande história”. Qual legado a Isa Capelão deixará para a história? E aproveitando o ensejo, o que pode nos adiantar sobre o livro que está escrevendo neste momento, com lançamento provavelmente no ano de 2023?


Eu já estava escrevendo um livro, que é um sonho há muitos anos, ou melhor, é um objetivo! Porém eu ainda não tinha destinado um tempo para isso. Enquanto eu escrevia o livro e mudava de ideia diversas vezes, surgiu a oportunidade de ser co-autora de um livro e achei que essa seria uma experiência boa e uma “abertura” para a vida da escritora Isabela Capelão, para depois seguir carreira solo.

Eu gosto de livro que tem uma lição de vida através de uma história, que faça a gente refletir e aprender. Seguirei esse caminho no meu próximo e pretendo continuar nessa linha: romances, crônicas, contos. Já tenho outro esboçado que é um romance cujo intuito é resolver, dar um fechamento a acontecimentos da realidade de maneira ficcional, mais interessante e justa.

Sou uma pessoa que gosta de viajar por vários estilos até sentir qual será aquele que mais me gera prazer, faça sentido e através do qual eu realize o meu propósito e deixe um legado.

15- Outro termo muito em moda é Positividade. Há até um meme que trata do assunto, chamado de “jovem místico” e “geração gratiluz”. Sabemos que a positividade tóxica é uma realidade também. O que você pode nos dizer sobre o assunto? O que é ser de fato, positivo, e quais as vantagens de desenvolver essa postura, digamos assim? 

Entre as hashtags mais usadas ultimamente, encontramos a palavra gratidão: #gratidão. O curioso é que, muitas das vezes, o uso da palavra gratidão está relacionado a outros significados e não ao sentido original da palavra.

Por trás da positividade tóxica está a crença de que as pessoas devem pensar positivo mesmo quando as situações são ruins, como se as emoções negativas devessem ser ignoradas, invalidadas ou eliminadas. E ao mesmo tempo acreditar que a felicidade é algo permanente ou constante em nossas vidas não faz bem à saúde.

Não podemos negar que a dor existe, porém o sofrimento é opcional, assim como permanecer na tristeza e viver infeliz são escolhas cômodas para evitar lidar com outras questões   – com exceção de pessoas que sofrem de doenças como depressão, que precisa ser tratada. Porém, se forçar a pensar que está tudo bem no momento em que está vivenciando uma situação difícil, pressionar a si ou aos outros a se mostrar ou fingir estar alegre o tempo todo é muito tóxico.

A popularização desses conceitos e comportamentos nos faz pensar sobre como as pessoas têm utilizado esse tipo de abordagem para expressar agradecimento e felicidade no mundo digitalizado e acelerado.

Os termos como gratidão, gratiluz,  positividade, good vibes (boas vibrações) foram banalizados, o que pode ser extremamente tóxico a partir do momento que se torna quase uma obrigação que a pessoa esteja sempre feliz, eufórica e agradecida a tudo na vida mesmo que esteja se sentindo mal, desanimada ou qualquer outra situação – natural na espécie humana, só para constar.

Muitos pensam e dizem que a positividade é só pensar que vai dar certo e pensar positivo e pronto, tá resolvido, como se fosse algo automático. Da mesma forma, existe uma compreensão errônea ou distorcida do que é motivação, do que é autoajuda.

O ditado que diz muito sobre isso é: “a diferença entre o veneno e o remédio é a dose”.

As redes sociais incentivam muito isso e as pessoas enxergam uma parte da vida dos outros como se fosse a realidade em tempo integral, se comparam, se cobram e sofrem muito com isso. Além disso, estatísticas e pesquisas indicam que uma mente normal produz cerca de 60.000 pensamentos por dia , sendo 95% automáticos e 80% negativos.

O que dizemos para nós mesmos influencia sim em nosso estado emocional e em nossos comportamentos, porém não é a única variável. Além disso, precisamos aceitar as emoções que surgirem e nos acolher.

A positividade é saudável quando entendemos que, diante de qualquer situação, por pior que ela seja, podemos aprender algo e crescer a partir dela. Eu interpreto a positividade muito com o viés do otimismo.

Os otimistas são aquelas pessoas que enxergam os problemas e desafios da vida como passageiros e circunstanciais e tendo em mente a sua capacidade de superá-los. Quando pensam no futuro, se tornam mais motivados, mais abertos às possibilidades e conseguem manter o controle da própria vida. Por isso, possuem mais chances de encontrar formas de sobreviver às crises e de criar alternativas para sair delas, independentemente dos acontecimentos ao seu redor.

Já os pessimistas não conseguem enxergar soluções além do problema ou da crise e percebem as situações como permanentes e não temporárias. Eles normalmente não encontram respostas alternativas e têm uma mentalidade fixa, voltada para o negativismo e, com medo e a certeza do pior, deixam de acreditar, o que os impossibilitam de encontrar soluções e enxergar oportunidades.

Segundo estudiosos da psicologia positiva, todos nós carregamos, em maior ou menor grau, traços de otimismo e de pessimismo. Por isso, essas classificações não podem se reduzir apenas a pensamentos positivos ou negativos, vão muito mais além.

Existem diversos estudos que comprovam a importância de atitudes otimistas para a saúde e um dos mais relevantes foi divulgado em 2019, pela Universidade de Harvard. Durante 14 anos os pesquisadores acompanharam milhares de pessoas e os otimistas saíram muito na frente ao apresentarem menores chances de sofrer um problema cardiovascular. Outro exemplo impressionante foi uma pesquisa realizada pela Universidade de Pittsburgh que, ao estudar 238 pacientes com câncer, constatou-se que os pessimistas morriam em média sete meses antes dos otimistas. Outras pesquisas comprovam que os otimistas vivem em média oito anos a mais que as pessimistas, possuem relacionamentos mais duradouros, mais sucesso no trabalho e maiores ganhos financeiros.

16- Sabemos que a mente, o pensamento, são forças criadoras. Como aumentar a percepção do poder da nossa mente e ampliar os conhecimentos sobre o nosso inconsciente?

De maneira geral, a mente consciente corresponde a tudo o que temos consciência no momento. E a mente inconsciente corresponde ao processo mental em atividade sem nosso conhecimento, controlando as sensações corporais e produzindo pensamentos.

O inconsciente é um conceito que quase todos mencionamos uma vez ou outra, mas do qual nem sempre conhecemos o verdadeiro significado, nem as profundas implicações que acarreta. Desde que Freud cunhou esses conceitos, vários psicanalistas e neurocientistas já procuraram desvendar os segredos do inconsciente e os limites do consciente, mas ainda há muito o que descobrir.

Apesar de vivermos em sociedades complexas há milhares de anos, nossos instintos mais primitivos continuam guardados em nossa mente. Entretanto, as forças externas — pais, irmãos, escola, a sociedade — impõem limites à nossa vontade e não permitem que esses instintos aflorem. Com isso, nosso consciente toma o controle da nossa agressividade, dos nossos medos e dos nossos impulsos. Mas isso não significa que eles foram embora para sempre: eles ficam reprimidos no inconsciente, prontos para serem ativados com o estímulo adequado.

Estudos neurobiológicos indicam que o nosso consciente controla menos de 5% dos nossos comportamentos. 95% de toda a mudança é realizada no nosso inconsciente, ou seja, a maioria das nossas decisões, ações, emoções e comportamentos dependem de 95% da atividade cerebral. Algumas vezes, você é quem decide realmente desejando (mente consciente), mas a maioria das vezes você deixa a sua mente inconsciente decidir por você, esse é um processo natural.

O resultado do processamento que acontece no inconsciente apresenta-se ao consciente na forma de pensamentos. Pensamentos geram emoções, que geram uma ação e que gera um resultado. O que motiva o comportamento são as emoções geradas a partir da interpretação de um determinado acontecimento. Se você muda o seu pensamento ou a maneira que interpreta um acontecimento, muda as emoções, atitudes e consequentemente os resultados.

Todos nós já tivemos alguma experiência ou situação desagradável e, na maioria das vezes, conseguimos superar e seguir em frente, sem que isso seja significativo para nossa vida. Porém, quando essas experiências são intensas, elas podem deixar marcas, que interferem na forma como nos comportamos e reagimos diante das situações. Alguns acontecimentos são tão ruins que nos esquecemos deles, pois a simples lembrança já nos causa uma imensa dor. Isso ocorre porque, como evitamos ao máximo o sofrimento, a nossa mente busca reprimir essas lembranças para nunca mais experimentarmos aquela situação tensa, é um sistema de proteção.

Essa percepção sobre a mente está relacionada ao autoconhecimento e à auto-observação. Quando compreendemos como funciona esse processo de formação do pensamento, das atitudes, das emoções e de nossas crenças, maior o nosso conhecimento sobre o nosso inconsciente. Conhecendo a diferença entre mente consciente e inconsciente podemos compreender que nem tudo o que se passa em nós é perceptível. Dessa forma, podemos usar ferramentas como a hipnose e a terapia para identificar essas crenças da mente inconsciente, aumentar o autoconhecimento para gerar mudanças, de forma a aumentar a qualidade de vida, os relacionamentos e a performance.

17-Gratidão máxima pela atenção e por compartilhar seu rico conhecimento com os leitores. O espaço é seu para deixar uma mensagem final. Grande abraço e sucesso!

Eu agradeço e foi um imenso prazer. Adoro escrever e falar sobre tais assuntos. Ainda faltam algumas respostas e envio em breve já que levei mais tempo do que o esperado. Obrigada, abraços e sucesso para nós!

Isabela Capelão

Autoridade em temas como gestão do estresse e das emoções, saúde mental, qualidade de vida e felicidade no trabalho.

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