1- Frederico, muito obrigado por dedicar seu tempo para esta entrevista. É um prazer tê-lo conosco e aprender mais sobre sua jornada e insights. Para começarmos, como a filosofia e a psicologia podem ser integradas para auxiliar empreendedores na superação dos desafios diários?
O prazer é meu! A Filosofia surgiu na história da humanidade junto com o estabelecimento da sociedade. Do momento em que a Linguagem surge como forma de expressão da cultura e de como gerenciar os melhores esforços do ser humano, para ter uma vida melhor.
A palavra nasceu da língua grega: Philos, amizade, Sophos, sabedoria. Assim, Filosofia surgiu como a Ciência que estuda todas as Ciências, incluindo Exatas e Humanas, e uma forma de agregar conhecimentos para poder ter uma vida melhor.
A Psicologia é uma subdivisão da Filosofia, que busca o entendimento do ser humano, seu objeto é a Psiquê humana. o próprio nome já denuncia sua fonte nos deuses gregos, Eros, emoção e Psiquê, razão.
Quanto melhor o profissional entende como sua emoção pode potencializar sua razão em direção a seus resultados, melhor ele rende. Entender racionalmente sua missão pode levar o profissional a entender a sua meta.
Mas a razão tem também suas “ciladas”. Quanto mais racionaliza, mais tende a querer “forçar” o entendimento dos outros em direção a seus objetivos, menos acaba sendo convincente. E menos ele rende.
A emoção é diferente. Se o profissional toma decisões mais pelo lado emocional, menos consegue elaborar a situação em que se encontra em direção ao objetivo. Para atingir o equilíbrio, precisa de método, planejamento e entendimento!
2- Poderia compartilhar conosco, quais são as principais técnicas que você sugere para que indivíduos melhorem seus relacionamentos através do aumento da autoconsciência?
Proposição assertiva: uma pessoa que entende que sua capacidade de realização é uma parte diante do todo, e entende como essa parte funciona não tenta ter razão o tempo todo e não tenta se afirmar como se sua parte parcial resolvesse todas as questões.
Deflexão propositiva ao melhor do outro: A conscientização de defeitos e capacidades do indivíduo em relação ao melhor do outro em uma questão conjunta ajuda a resolver a questão em conjunto.
Posicionamento: Toda a relação funciona como um jogo, que tem certas regras, e uma capacidade de todas as partes interessadas em jogar, em dar a sua contribuição, de acordo com sua posição, com quem é, com sua forma de jogar.
O Posicionamento é o argumento referencial que o indivíduo usa para mostrar ao outro que regras ele pode usar para chegar a um objetivo comum, quando o objetivo deixa de ser comum, quais as consequências, que formas de jogar não são aceitas por ambos, e porque.
Posicionamento demanda entendimento das questões e capacidade de dizer não, e por isso é tão difícil as pessoas se posicionarem em discussões, por exemplo, onde a emoção solapa a razão.
Autopreservação: toda relação deve ter uma capacidade de entrega e recebimento de energias, melhores esforços e satisfação pessoal e este cuidado nunca pode ser imposto de forma violenta.
Toda relação pode ter altos e baixos, maiores ou menores dificuldades; mas quando estar com o outro fere minha autopreservação, o indivíduo deve fazer todo o possível para corrigir, alertar, resolver. E em última análise, sair, se a relação ameaçar sua autopreservação.
Empatia e compaixão: Empatia abre portas e traz oportunidades, compaixão com o que o outro está sofrendo, mesmo que não te incomode, dá uma segurança para quem está sofrendo.
Em uma relação, saber-se protegido por quem está junto com você é muito importante!
Merecimento e desmerecimento do caso ou da forma, nunca do outro enquanto mais ou menos por ser diferente.
3- Por gentileza, nos conte mais sobre as metodologias terapêuticas inovadoras que você utiliza e como elas se diferenciam das abordagens tradicionais?
As diferentes metodologia que uso são:
Ontologia, Metafísica, Lógica e Estética, divisões da Filosofia para análise comparativa de diferentes correntes filosóficas especificadas nas diferentes terapias;
PNL, Neurociencia e Hipnose Ericksoniana;
a Programação Neurolinguística é uma teoria muito praticada nos Estados Unidos e na Inglaterra que propõe o estudo do cérebro como um hardware e da Psiquê como um Software. Que nada mais é do que propor que conforme funciona o seu cérebro, assim funciona a realidade que você se encontra.
Através da Neurociência, comprovou-se que o fato de que existem perfis comportamentais que diferenciam as pessoas, e entendendo estes perfis, explica-se diferentes formas de comportamento.
Já a Hipnose Ericksoniana é uma forma de utilizar os traços da Hipnose presentes na linguagem para conversar com a pessoa enquanto lida com seus traumas ou elaborando questões que ficaram mal assimiladas em períodos tensos usando conceitos da Hipnose clássica.
A Constelação Familiar é uma das terapias mais difíceis de explicar e ao mesmo tempo, mais impactantes. Funciona com um paciente, o terapeuta e uma plateia.
O paciente conta ao terapeuta sua questão e que pessoas, entre familiares, colegas de trabalho e afins influenciam sua questão.
Sem nenhuma informação, nenhum preparo prévio, cada um dos participantes começa a representar o papel de um personagem como se fosse o próprio. E não apenas isso, traz elementos da situação, através de sua representação, que explicam melhor a questão abordada.
Precisei juntar muitos elementos da Física Quântica, de como funciona o Inconsciente e o Consciente, e como os objetos da Psiquê, o mundo interno colaboram com o mundo externo para conseguir elaborar métodos que funcionam de acordo com os elementos desta terapia.
A diferença das terapias tradicionais é tanto na metodologia quanto na forma e proposição dos conceitos. Antes de entrar nos méritos, é claro que cada corrente filosófica ou psicológica tem os seus méritos.
Acontece que entre os métodos tradicionais, o paciente muitas vezes fala muito, e o psicólogo ouve, pontua uma coisa ou outra, mas muitas vezes guarda suas considerações para si.
No método Ericksoniano, existe mais troca de informações, além de uma afirmação formulada das questões apresentadas de uma forma propositiva como uma narrativa de Joseph Campbell de como os traumas podem ser reprogramados de acordo com o perfil da pessoa e com os valores mais adequados a cada questão.
4- Como o conhecimento pode ser uma ferramenta poderosa de motivação pessoal e profissional?
Durante toda a história do pensamento, da Filosofia, cada um dos pensadores, através de suas formas de ver o mundo marcaram época, métodos foram assimilados e colocados em prática.
Conforme inovações tecnológicas ou mudanças políticas ou econômicas aparecem, novas filosofias e métodos se estabelecem, muitas vezes deixando de lado toda a anterior, ou assimilando um pouco de cada, mas deixando muitas respostas anteriores abertas.
Estudando Filosofia, a pessoa começa a esclarecer de onde vem as ideias que chegaram até ele e como métodos diferentes podem trazer mais resultados.
Na verdade, questionamentos melhores aperfeiçoam as buscas por excelência. Modelos de pensamento diferentes amplificam a capacidade de assimilar, reter e propor melhores soluções, profissionais, psicológicas, emocionais.
Do ponto de vista psicológico, isso é ainda mais poderoso. A mente humana é um composto de experiências do passado, com modelos mentais estabelecidos em momentos diferentes na história por diferentes pessoas que influenciam de mais de uma forma.
Conforme a pessoa separa seus traumas e acertos de suas expectativas e formas de atuação, mais se sente única para se posicionar de acordo com o que deseja, e quanto mais separa seus traumas de suas capacidades, menos as experiência ruins tem domínio sobre seus medos.
5- De que maneira a compreensão da dominância cerebral pode influenciar positivamente a liderança dentro de uma organização?
Imagine que existem quatro formas mestras de se pensar. ( é uma simplificação ). Pense que o líder tem uma forma, e cada um dos comandados, as três restantes.
Se cada um achar que a realidade funciona da maneira que ele assimila, e todo mundo pensa assim, até conhecer as diferenças, teremos quatro pessoas falando sobre a mesma realidade mas de formas que tem princípios e fins diferentes! E acaba que ninguém conversa.
Agora, se os 4 mesmos entenderem que seu cérebro funciona das 4 formas, mas uma predomina, terá apenas que acessar o pouco que tem em relação ao coleguinha para conseguir entrar em consenso. Facilita muito!
Da mesma forma o líder, ele precisa ter um pouco de cada um para entendê-lo, e saber como pedir / o que exigir de cada funcionário. Sendo que a melhor forma de alguém te entregar um resultado é esse alguém querer fazer o que você pede.
E a melhor maneira de atingir isso é colocando, como ponto de partida, ou como fator determinante do que se pede, uma característica que a pessoa já sabe que tem e confia de si mesma! Aí acaba que o progresso chega de forma mais natural.
6- Quais são as principais estratégias, ao seu ver, para realizar vendas de forma intuitiva e quais os benefícios dessa abordagem?
As principais estratégias da venda intuitiva são o contrário do que se imagina no uso da intuição, que é, você intui que vai acontecer e a venda acontece.
Para vender, é necessária uma intersecção entre agradabilidade, abertura ao outro, conhecimento do produto, entendimento da necessidade e por fim, saber se relacionar de tal forma, que depois de dizer coisas difíceis se negocia um consenso de troca, onde ambos saem empolgados. um por adquirir, outro por oferecer.
Quanto mais o vendedor se acostuma nos motivos, no que, porque, de que forma, em quanto tempo precisa, mais ele se familiariza com o como vai fazer a venda; quanto maior o conhecimento nas diferentes formas de perfil, como diferente perfil compra ou vende, melhor se conecta com o comprador, com o qual vai se relacionar no processo.
Quanto mais entende que compra e vende ideias e estabelece trocas das mais diferentes maneiras durante todo o dia, durante toda sua vida, melhor consegue estabelecer uma energia de troca, no qual a venda será uma consequência. Assim se faz uma venda intuitiva!
7- Como os conceitos de Metafísica podem ser aplicados na prática terapêutica para profissionais de saúde mental?
Esta é uma pergunta inteligente! A Ontologia estuda a Natureza do Ser, enquanto Ser. Só por existir, como todos os seres das coisas tem em comum. A Metafísica estuda os princípios e fins do Ser, de onde ele vem, para onde vai, quais as implicações.
A percepção da Ciência, que antes era avaliada através de questões universais pela Ontologia e Metafísica, fator que lhe conferia certa facilidade de relação e assimilação, até o século XVI começou a ser entendida de forma segmentada, e não relacional.
Com um bom motivo! As ciências começaram a demonstrar especificidades diferentes uma das outras, conforme se passou a estudar a matéria. Os conhecimentos materialistas da Física, a separação estrita Racional / Emocional e o pragmatismo através do tempo, influenciaram até as Ciências Humanas, e nem sempre de uma maneira positiva.
Digo isso sem esquecer as partes meritórias de suas contribuições.
Com o advento da compreensão da Física Quântica, por exemplo, muitos dos argumentos do Ser ser estático mudaram, mas a compreensão do que estava correto no princípio não acompanhou o pensamento.
As terapias, depois deste século, começaram a ser entendidas como questões meramente subjetivas. Sua Lógica acabou segmentada do todo materialista, e muitas vezes compartimentando os conceitos do Ser Humano, que nem sempre entende a transcendência e relevância do cuidado pessoal.
A Metafísica propõe o Ser Holístico, integrado à sua saúde e ao seu histórico de forma a propor a Lógica da terapia segmentada como objetivamente relevante.
Busca assim, usar o pragmatismo também na intuição e no subjetivo, assim como mostra que mesmo o mais pragmático usa a sua intuição também, e esse equilíbrio é melhor para integrar o paciente à teorias e práticas terapêuticas.
Assim, quanto mais aspectos da pessoa, que um ente, você consegue avaliar de forma relacional, melhor e mais completa fica sua análise. Quanto mais fatores de análise fria, melhor o seu serviço, e inclusive, mais qualidade tem o seu serviço. Melhor o preço também!
8- Que papel a comunicação não verbal, como micro expressões e linguagem corporal, desempenha na melhoria dos relacionamentos?
A Comunicação verbal é interessante. Em uma frase, a pessoa expressa que seja, 7 palavras, com uma entonação vocal que varia de palavra para palavra, muitas vezes, exprimindo emoções muitas vezes conflitantes em cada uma. Suas expressões faciais, geralmente, contam outra história, e a forma como ela posta seu corpo diante do que fala, ainda outra!
Todo o ser humano usa todo seu repertório emocional para exprimir uma ideia, ou para exigir ou solicitar um comportamento do outro. Mas acaba transmitindo, querendo ou não, muito mais do que isso!
Em uma relação, saber o que o outro não quer contar, ou saber que algo incomoda quem você ama ou quem está sob seus cuidados pode te ajudar a se aprofundar nos sentimentos do outro, desde que você aprenda a separar que tipo de emoção é esperada e qual a pessoa está demonstrando.
Muitas vezes ouvi de mães e professoras, que queriam ser uma mosquinha para saber o que falavam os filhos sobre elas ou o que os alunos comentavam. Ouvindo atentamente o seu filho ou aluno, as expressões e linguagem corporal, muitas vezes dizem isso. Se você aprender a ouvir não só o que a pessoa quer te dizer, mas o que as emoções deixam transparecer.
(Continua na parte 2…)
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