Entre a autenticidade e a grosseria: onde está o ponto de equilíbrio? – Com Edson De Paula

Especialista reflete sobre a autenticidade no trabalho e como encontrar equilíbrio entre expressão pessoal e respeito ao outro

“Ser autêntico não é dizer tudo o que pensa — é saber como, quando e por quê.”

Essa frase nos introduz ao dilema atual: exaltamos a autenticidade, mas muitas vezes ela se confunde com agressividade ou falta de tato. 

No ambiente corporativo, onde a comunicação se expõe cada vez mais em redes e canais abertos, entender a linha tênue entre expressão genuína e grosseria faz parte da construção de uma cultura sólida e de empatia na liderança.

O dilema da voz autêntica

Vivemos numa era em que a autenticidade é exaltada como valor supremo. Porém, a autêntica no trabalho não significa soltar tudo sem filtro. 

Conforme Edson De Paula explica em seu podcast “Você Está Bem?”, a comunicação elegante exige equilíbrio:

“Autenticidade não é isso … autenticidade é ser criativo em situações óbvias … você comunicar uma novidade … aquilo que chama a atenção do outro.”

Em outras palavras, a pessoa que diz tudo sem ponderação muitas vezes se torna dura ou grosseira. A diferença entre autenticidade vs agressividade começa quando permitimos que o respeito pelo outro guie a nossa fala.

Como a autenticidade no trabalho se traduz na prática

Quando falamos em autenticação no ambiente profissional, é preciso considerar alguns aspectos centrais:

Autenticidade no trabalho: comunicar sem abdicar de quem se é

Ser autêntico envolve dizer o que se pensa, porém integrar esse “o que” ao “como” se comunica. Edson aponta que a assertividade, expressar-se com clareza, sem deixar de respeitar, é uma via plausível:

“Assertividade é … respeitar a si e procurar também respeitar a opinião do outro.”

Um executivo que domina essa abordagem comunica seu “sim” e seu “não” com decência, sem humilhar nem se submeter. 

Ele atua com autoconhecimento e inteligência emocional, e assim contribui para uma cultura onde voz e escuta caminham juntas.

Evitar que a autenticidade vire contraproducente

A expressão livre pode facilmente se degenerar em agressividade ou arrogância. Edson de Paula alerta:

“Você acaba incomodando as pessoas com a sua autenticidade … e ainda por cima é grosseira.”

Nos ambientes corporativos isso se traduz em atrito nas equipes, desgaste entre líder e liderado e perda de credibilidade. A empatia na liderança exige percepção do outro, compreensão, negociação de verdades, e não imposição.

Autenticidade saudável: princípios para aplicar

Aqui estão práticas que ajudam a manter a autenticidade no trabalho alinhada ao respeito e à conexão:

• Escuta ativa: antes de expressar sua opinião, escute o que o outro realmente está dizendo. 
• Feedback com cuidado: ao dar um “não”, utilize expressões como “compreendo”, “agradeço”, “propomos alteração” — ao invés de recusa direta. Edson chama atenção para isso no podcast. 
• Consistência entre valores e ações: a autêntica no trabalho exige que sua prática seja coerente com aquilo que você expressa. Isso fortalece a credibilidade. 
• Autoconhecimento: entenda quais são os seus valores, seus gatilhos e como eles influenciam sua forma de comunicação. 
• Modelo colaborativo: reconheça que sua verdade é uma entre várias e que o consenso, mais do que a imposição, constrói relações saudáveis.

Autenticidade no trabalho e cultura organizacional

Quando lideranças escolhem expressar-se com autenticidade e respeito, a cultura corporativa se transforma. 

Empresas que valorizam voz e escuta criam ambientes em que talentos se sentem pertencentes, engajados e dispostos a contribuir. 

Edson de Paula, com mais de 30 anos de experiência em comunicação e cultura organizacional, reforça que esse tipo de postura conecta pessoas e organizações.

Logo, autenticação não é apenas estilo pessoal — é requisito estratégico para times de alta performance.

Quando a autenticidade exige recuo estratégico

Curiosamente, manter esse equilíbrio demanda às vezes dar um passo para trás. Observar o impacto da própria fala, calibrar o tom, adequar ao contexto, isso exige humildade. 

Edson destaca que no mundo volátil de hoje, não se trata de defender “minha verdade absoluta”, e sim de dialogar com outras verdades:

“Uma verdade tem sempre duas ou três facetas … existe a minha verdade, a sua verdade e a verdade verdadeira.”

Esse entendimento abre espaço para negociação, adaptação e crescimento — elementos essenciais para quem lidera e atua em ambientes dinâmicos.

Autenticidade no trabalho: diferenciação entre voz e véu

Há uma diferença significativa entre falar o que pensa e impor o que acredita. A autenticidade ganha valor quando se traduz em inovação, humildade e contribuição, não apenas em exposição. 

Edson pontua que a pessoa autêntica inspira ao invés de apenas repetir o óbvio:

“Aquele que traz algo novo para o mundo … fala assim vamos mudar e não fica pedindo mudanças para o mundo.”

Portanto, no contexto corporativo, a voz autêntica que gera impacto é aquela que combina inovação + respeito + ação.

Conectando autenticidade e elegância na comunicação

Para finalizar, vamos sintetizar: autenticidade no trabalho é um dos pilares de liderança moderna. Mas sem comunicação elegante, se torna ruído. Edson de Paula oferece a fórmula: autenticação + assertividade + empatia = impacto positivo e sustentável.
Em termos práticos:

• Seja verdadeiro, mas também consciente de quem o ouve. 
• Expresse “não” de forma honesta, sem arrogância. 
• Use seu sim com convicção, mas mantenha portas abertas para o outro. 
• Reconheça que você não está sempre certo, e que o mundo é dinâmico e em constante mudança. 
• Contribua, gere valor, comunique com elegância.
  

E assim, sua voz não será apenas ouvida,  será respeitada e lembrada.

Gostou desta reflexão? Deixe nos comentários sua experiência ou marque alguém que precisa encontrar esse ponto de equilíbrio. Compartilhe com um amigo e vamos juntos construir lideranças mais autênticas e humanas.

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Especialista em liderança engajadora, comunicação eficaz e cultura organizacional com mais de 30 anos de atuação, Edson conecta teoria e prática de forma acessível e transformadora. 

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